O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Quatro ministros aposentados do Supremo Tribunal Federal (STF), cada um deles indicado por um presidente da República diferente, estiveram reunidos na quarta-feira (2) com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em Brasília. O encontro já estava nos planos de Pacheco há algum tempo, mas as agendas não batiam. Bateram no feriado de Finados.
Sepúlveda Pertence chegou ao STF pelas mãos do ex-presidente José Sarney. Carlos Velloso foi indicado por Fernando Collor. O gaúcho Nelson Jobim recebeu a nomeação de Fernando Henrique Cardoso. Carlos Ayres Britto, por sua vez, foi alçado ao Supremo pelo ex-presidente Lula.
À coluna, Velloso comentou os protestos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que, desde o resultado da eleição presidencial, no último domingo (30), fazem bloqueios em rodovias e se aglomeram em frente a quartéis com faixas pedindo "intervenção militar" e "intervenção federal":
_ Os que pedem intervenção militar para o fim de despeitar a soberania popular, com violência à Constituição, pensam, coitados, que somos uma República bananeira e não conhecem, nem de longe, as nossas Forças Armadas, que são legalistas e culturalmente em pé de igualdade com as de países do primeiro mundo, como, por exemplo, os Estados Unidos.
E completou:
_ Essas pessoas, que não sabem o que pedem, banalizando, nas ruas, a nossa bandeira, são uns inconsequentes.
Confiança
Segundo a assessoria de Pacheco, na conversa em tom ameno os ex-ministros do Supremo ressaltaram a confiança na lisura da eleição e na transição democrática do atual governo de Jair Bolsonaro para o recém eleito no último domingo.
"Fizemos uma avaliação sobre esse importante momento vivido pelo Brasil, com um novo governo democraticamente eleito, e a necessidade do constante fortalecimento das instituições e do estado de direito", escreveu Pacheco em suas redes sociais.
Evocando a defesa da democracia e as ameaças de Bolsonaro contra o sistema eleitoral, Pertence, Velloso, Jobim e Ayres Britto abriram voto em Lula ainda no primeiro turno. Os ex-ministros Celso de Mello e Joaquim Barbosa também declararam apoio ao ex-presidente.
Do outro lado, Marco Aurélio Mello posicionou-se a favor de Bolsonaro. O ex-ministro justificou o voto dizendo que Lula "teve o perfil político manchado pelos célebres casos Mensalão e Lava Jato”.