As pesquisas saíram chamuscadas no primeiro turno, mas seguirão existindo e sendo aguardadas com ansiedade pelas coordenações de campanha e pelos eleitores. A primeira do segundo turno, divulgada no final da tarde desta quarta-feira (5), é do Ipec, e não traz alteração significativa em relação ao resultado do primeiro turno. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem 55% dos votos válidos e o presidente Jair Bolsonaro, 45%.
No primeiro turno, Lula teve 48,43% e Bolsonaro, 43,2%. Há lógica no crescimento maior de Lula (ainda que ninguém seja capaz de dizer se o movimento está certo ou errado). Por ser a primeira, também não há como comparar o resultado apurado com o de outros institutos.
Há lógica porque os candidatos que ficaram em terceiro e quarto lugar (Simone Tebet e Ciro Gomes) estão com Lula. É verdade que a pesquisa ainda não captou o efeito dos últimos anúncios de apoio de figurões, mas quem votou nos dois era porque não queria Lula nem Bolsonaro. É provável que os eleitores de Felipe D’Avila migrem em massa para o presidente e que os de Ciro escolham o candidato do PT. Os de Simone tendem a se dividir, mas a opção dela por Lula indica que o motivo é a rejeição a Bolsonaro.
De acordo com a pesquisa, a rejeição ao presidente é de 50%, enquanto 40% não votariam em Lula de jeito nenhum.
Para além da pesquisa, a quarta-feira foi um dia importante para Lula, com a declaração de voto de Simone e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Não que os eleitores estejam esperando para saber o que os líderes recomendam, mas o apoio é uma espécie de aval aos candidatos. Fernando Henrique e outros líderes históricos do PSDB fazem contraponto à posição do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, que fechou com Bolsonaro.
Da parte de Bolsonaro, a maior conquista é o apoio do governador de Minas, Romeu Zema. Apesar da votação pífia do candidato do Novo, Zema venceu no primeiro turno a eleição para o governo de Minas e pode ajudar Bolsonaro a recuperar terreno em um Estado-chave, onde Lula fez mais votos. O governador do Rio, Cláudio Castro, também reeleito no primeiro turno, já estava com o presidente.