Quem conhece minimamente o candidato do PDT a presidente, Ciro Gomes, não tinha nenhuma dúvida que o pronunciamento anunciado na noite de domingo (25) para a manhã desta segunda-feira (26) seria uma reafirmação da sua candidatura. Houve quem alimentasse a ilusão de que Ciro embarcaria na tese do voto útil, que tem tentado deslegitimar as demais candidaturas em nome da necessidade de derrotar o presidente Jair Bolsonaro já no dia 2 de outubro.
Se era tão certo que o discurso seria o que foi, o pronunciamento de Ciro é um factoide para ganhar a atenção da mídia, mas ele está no seu direito. Como estão no seu direito as candidatas Simone Tebet e Soraya Thronicke e todos os outros que concorrem mesmo não tendo 1% das intenções de voto.
É fato que as pesquisas apontam a possibilidade de Lula vencer no primeiro turno, mas se a Constituição previu a eleição em dois turnos, por que criminalizar quem acha importante ficar até a última hora tentando dar seu recado? É possível que Ciro quebre a cara e tenha de encerrar a carreira política depois de um fiasco eleitoral. Todos os que se candidatam correm o risco de um fracasso nas urnas. Ciro, Simone e os outros concorrentes deram azar de entrar numa eleição que nasceu marcada pela polarização e não conseguiram quebrá-la. Outros, como João Doria, ficaram pelo caminho e nem conseguiram chegar à convenção.