No lançamento da pré-candidatura do advogado Ricardo Jobim ao governo do Rio Grande do Sul neste sábado (14), em Santa Maria, ficou evidente a linha que será adotada na campanha para conquistar os eleitores desencantados com o atual cardápio de opções. O Novo vai para a disputa tendo como inspiração o que ocorreu em Minas Gerais em 2018, quando Romeu Zema desbancou nomes tradicionais da política e se elegeu governador.
— Volta teus olhos para o Novo. Só de tu saber que um partido não usa dinheiro público para fazer campanha política tu já deves sentir que temos algo diferente — discursou Jobim, na presença do pré-candidato a presidente, Felipe D’Avila.
Não usar dinheiro público na campanha é a primeira diferença que o partido quer ressaltar no confronto com os demais candidatos. O Novo também não utiliza os recursos do fundo partidário, que estão aplicados à espera de uma mudança na legislação que permita outro destino que não o financiamento dos concorrentes. No auge da pandemia, o partido tentou destinar o dinheiro para a área da saúde, mas foi impedido.
O baixo desempenho do Novo em 2018 não desanima Jobim, que professa as mesmas crenças de Mateus Bandeira em relação à gestão pública, mas com estilo mais suave. Bandeira ficou em quinto lugar, com 3,36% dos votos válidos (200.877 votos), com uma campanha marcada pela agressividade em relação aos principais concorrentes. Jobim quer ser diferente, replicando a estratégia de Zema. O estilo do advogado é semelhante ao do sociólogo Felipe D’Avila, que concorre ao Planalto: mais diálogo e menos gritaria nestes tempos em que a radicalização atrapalha a discussão de ideias.
Apesar da declarada intenção de fazer uma campanha mais propositiva, no lançamento da candidatura Jobim invocou o “espírito guerreiro” dos gaúchos e disse que irá trazer de volta “a guerra dos maragatos para lutar por um Estado melhor”, mas ressaltou que será “sem guerras e sem brigas, mas com inteligência, estratégia e gestão”.
O lançamento da candidatura ocorreu no CTG Piá do Sul, com a presença de mais de 300 pessoas. O Novo reuniu seus principais líderes no RS, como o deputado federal Marcel van Hattem, os deputados estaduais Fábio Ostermann e Giuseppe Riesgo, os vereadores de Porto Alegre Felipe Camozzato e Mari Pimentel. Ostermann vai disputar uma cadeira na Câmara e Riesgo tentará a reeleição. Mari Pimentel é cotada para vice, já que a intenção do Novo é ter uma mulher como candidata e não há perspectiva de coligação, porque outros partidos rejeitam as regras duras adotadas para o financiamento das campanhas, feito exclusivamente por doações de pessoas físicas e dos próprios candidatos.
— Todo mundo diz que uma mudança de verdade parece ser impossível. Vim para mostrar que é possível, basta ter coragem. É inadmissível perder novamente mais de 700 mil gaúchos que deixaram o estado nos últimos seis anos — disse Jobim.
Para evitar que a diáspora continue, o candidato diz que seu compromisso é com um Estado moderno e eficiente, que seja referência em desenvolvimento e inovação, valorize os empreendedores e garanta oportunidade para todos.
— Menos impostos e burocracia e mais liberdade — resumiu.
O candidato chorou ao lembrar do pai, empreendedor e incentivador da evolução da cidade, que há muitos anos ajudou a construir o Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo. Foi nessa instituição que Jobim ficou internado em 2021, por causa da covid-19.
— Isto me emociona, pois mostra que a lei do retorno existe, basta fazermos a nossa parte. O grande problema é que o empreendedor gaúcho é visto como vilão e não como uma pessoa que ajuda a gerar emprego e renda. Vou mudar este cenário e transformar o Rio Grande do Sul num Estado com mais importunidades.