Dos três finais possíveis para a novela em que se transformou seu futuro político, o governador Eduardo Leite escolheu o que a coluna antecipou na quarta-feira da semana passada: segue no PSDB, mas renuncia ao mandato de governador na expectativa de ser chamado pelo partido para concorrer à Presidência da República.
Leite já comunicou aos companheiros de legenda e ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, que optou por ser reserva no PSDB a titular na sigla que o convidou para concorrer ao Planalto. Leite dirá que falou mais alto a identificação com o PSDB, único partido que teve na vida, e que está à disposição para o caso de João Doria, vencedor da prévia realizada em novembro, desistir da disputa.
Doria não deu nenhum sinal de que pretenda recuar. Pelo contrário, acusou Leite de estar dando um golpe no PSDB ao renunciar ao mandato na expectativa de ser candidato.
A verdade é que Doria foi abandonado pelos tucanos depois de vencer a prévia porque, em vez de subir nas pesquisas, encolheu de lá para cá. Nessa equação, Leite terá de lidar com dois relógios: o da lei eleitoral, preciso, e o que marca o tempo da política, sujeito a interferências de toda ordem.
No tempo da Justiça Eleitoral, o prazo para alguém ser confirmado candidato é a partir de 20 de julho. Na prática, essa data serve mesmo para homologação de candidatos já estabelecidos. Dificilmente, um novato teria alguma chance sendo lançado candidato em uma convenção tão próxima da data da eleição. No relógio da política, o tempo de Leite para se viabilizar como candidato a presidente é abril, já que precisaria usar a pré-campanha para se tornar conhecido e costurar alianças que tornem a candidatura viável.
O episódio que o governador gaúcho está para protagonizar é inédito: renunciar ao mandato para ficar numa espécie de limbo, esperando por fatos que dependem da vontade de terceiros. Fora do governo, Leite pode, em tese, ser candidato a presidente, ao Senado, a deputado (federal ou estadual) e até mesmo a governador, embora ele diga e repita que o único desafio que o seduz é o do Planalto.
A renúncia com a transmissão do cargo para o vice, Ranolfo Vieira Júnior, só deve ser consumada no dia 2 de abril, último dia do prazo para desincompatibilização.
Paula fica na prefeitura de Pelotas
Cotada para concorrer ao Piratini, por ser o nome que melhor aparece nas pesquisas internas, a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, anunciou no Twitter que decidiu concluir o mandato para o qual foi reeleita e, portanto, não renunciará. Em uma sequência de posts, escreveu:
"Ser prefeita de Pelotas é um grande orgulho e uma enorme responsabilidade. Agradeço aos líderes do meu partido e da sociedade que cogitaram meu nome para disputar o governo do Estado, mas decidi completar meu mandato, meu trabalho e minha missão.
Continuar prefeita não significa que não trabalharei, com todo amor e energia, para reeleger o projeto que vem transformando o Estado nos últimos anos. O governo Eduardo Leite tirou o Rio Grande do Sul do atraso e o colocou no caminho do desenvolvimento. Um Estado que voltou a honrar seus compromissos, que passou a ter capacidade de investimentos que há muitos anos não víamos. Viramos o jogo!
Eduardo e eu nunca nos guiamos por ambições pessoais. Sempre visamos construir um projeto político transformador. Fizemos isso em Pelotas e agora no Estado. Torço para que o Brasil possa ter Eduardo como seu presidente, porque o país também precisa se transformar.
Tenho convicção de que os gaúchos reconhecem as mudanças realizadas pelo governo do PSDB e vão manter o Estado no rumo certo. Aqui em Pelotas seguiremos o trabalho, iniciado por Eduardo, de tornar nossa cidade protagonista, ainda mais acolhedora, segura e desenvolvida. Já fizemos muito, mas ainda há muito o que fazer. Vamos em frente!"