O futuro político do governador Eduardo Leite é uma dessas novelas para a qual o diretor mandar gravar três finais diferentes para não tirar o impacto do último capítulo. Sobram indicativos de que no final o protagonista renunciará ao mandato de governador e ficará nos braços do PSDB, seu primeiro e único amor na política, mas há outros dois cenários possíveis, sendo o terceiro improvável. A segunda hipótese é renunciar ao mandato para ser candidato a presidente pelo PSD. A última, na qual poucos do seu entorno acreditam, é surpreender os espectadores e dizer que cumprirá o mandato até o fim.
A forma como foi estruturado o anúncio da decisão indica que Leite vai renunciar ao mandato nove meses antes do fim para tentar um voo mais alto. O formato de entrevista coletiva presencial, no Piratini, valoriza o evento. Há pelo menos duas semanas, a assessoria vem recebendo demandas de veículos de fora do Rio Grande do Sul para definir a data do anúncio, dado que a decisão, se for pela candidatura a presidente, terá repercussão nacional.
No entorno do governador, a ordem é não falar do assunto. Quem é questionado, diz que não sabe. Até o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, que está sendo preparado para completar o mandato, diz que conversou bastante com Leite na manhã desta sexta-feira diz que ele não está 100% decidido.
Fiel ao extremo, e pré-candidato a governador, Ranolfo já decidiu: só fica no PSDB se Leite também continuar:
— Não tem como ser diferente. Eu não poderia ficar no governo e fazer campanha para outro candidato. Seja qual for a decisão, terá meu apoio integral.
Uma coisa é certa: se a opção for mesmo pela renúncia, Leite não deixará o governo na segunda-feira. Dois dias depois, na quarta-feira, dia 30, às 14h, está programado o lançamento — presencial — de editais do programa Avançar na Inovação, um tema muito caro ao governador. São três editais, totalizando R$ 43 milhões.
Companheiros do PSDB gaúcho estão convencidos de que Leite fica. Formaram essa convicção em conversas nos últimos dias. Um líder tucano que pede para não ser identificado porque a combinação foi manter segredo diz:
— Ele fica. Já está apalavrado. Tem muito apoio interno para que se consolide como candidato. Ele é a maior liderança do Rio Grande do Sul e uma das maiores do país. O PSD (que convidou Leite para ser candidato), não demonstrou unidade.
O vereador Moisés Barboza, que nunca se conformou com a possível ida de Leite para o PSD é um dos mais esperançosos de que ele fica:
— O PSDB nacional não abre mão de Eduardo Leite. Nunca abriu, e, pelo que tenho acompanhado, o governador ouviu os nossos apelos e ficará para nos liderar nesse momento que precisamos construir uma terceira via vitoriosa.
Nas últimas horas, uma ofensiva de tucanos ligados ao governador de São Paulo, João Doria, está sendo considerada o elemento que explicaria a confiança de Gilberto Kassab, presidente do PSD, de que ele ainda pode ganhar o jogo.
Os ataques furiosos de caciques como o ex-senador e ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que disputou a prévia e fez uma aliança informal com Doria, seria uma tentativa desse grupo de tornar insuportável a permanência do governador no PSDB.
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.