O segundo dia da viagem do governador Eduardo Leite aos Estados Unidos está sendo dedicado a conversas com analistas de instituições financeiras que orientam grandes investidores sobre onde aplicar seu dinheiro. Dos primeiros encontros do dia, no Council of the Americas e no Bank of America, realizados sem a presença de jornalistas, Leite saiu com a convicção de que a guerra na Ucrânia, a alta generalizada das taxas de juros, inclusive nos Estados Unidos, mais a inflação decorrente da pandemia podem afetar as concessões e privatizações no Rio Grande do Sul.
— Ainda não é o caso de mudar o cronograma, mas estamos com o dedo no pulso. Ouvimos os analistas dos grandes bancos, porque são eles que orientam os investidores e nos dão subsídios para a tomada de decisões. A guerra é um fator de instabilidade e, com a alta dos juros nos Estados Unidos, muitos investidores ficam reticentes — disse Eduardo Leite.
O que uma guerra em outro continente tem a ver com a concessão do pacote de estradas que inclui a RS-122, por exemplo? Muito. O aumento do preço do barril do petróleo, que subiu cerca de 40% desde o inicio dos ataques russos à Ucrânia, impacta fortemente no custo dos insumos usados pelas concessionárias de rodovias, em especial o asfalto. Como os cálculos para a definição da tarifa máxima foram feitos com base em outro cenário, a mudança pode afastar investidores ou obrigar o Estado a rever o edital.
N o caso da Corsan, Leite está confiante de que a empresa será vendida até junho. Dos economistas do mercado financeiro, o governador ouviu que a Corsan segue sendo um ativo cobiçado, como qualquer outra empresa de saneamento, e a privatização não deve ser afetada pelo cenário que combina esses três elementos nocivos para a economia: guerra, inflação e aumento de juros.
Ainda nesta terça-feira (8), Leite terá encontro com analistas do Goldman Sachs para apresentar o portfólio de investimentos do Rio Grande do Sul e fazer uma espécie de prestação de contas do que fez de 2019 para cá. Em seu primeiro ano de governo, ele esteve nos Estados Unidos, conversando com essas instituições e apresentando seus planos. Agora, mostra as reformas que foram feitas e como elas ajudam a transformar o Rio Grande do Sul num ambiente seguro para investimentos. Nas conversas, o governador destaca a qualidade da mão de obra no Estado, o papel relevante das universidades, a vocação inovadora e a existência de centros de tecnologia preparados para os desafios do século 21.
Empréstimo para pagar precatórios
Se em Nova York a conversa com bancos é apenas para vender o peixe do Rio Grande do Sul a investidores, em Washington, para onde Leite viaja na quarta-feira (9), um dos compromissos é a busca de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o pagamento de precatórios.
— O regime de recuperação fiscal nos impede de tomar empréstimos para investimentos, mas abre exceção para o pagamento de dívidas, que é o caso dos precatórios — disse Leite ao sair do Bank of America, onde esteve com o secretários da Fazenda, Marco Aurélio Cardoso, de Parcerias, Leonardo Busato, e da Casa Civil, Artur Lemos , e com o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa.