O encerramento do projeto O RS Pós-Pandemia, nesta segunda-feira (24), serviu para revisitar as principais conclusões dos cinco seminários promovidos pela Assembleia Legislativa e das quatro pesquisas realizadas pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), que ouviu 6 mil pessoas em 60 cidades do Rio Grande do Sul. A educação deverá estar no centro das atenções em 2022 e isso vale não só para quem é do governo, como para quem pretende disputar as próximas eleições.
Em ato no Salão Júlio de Castilhos, a cientista política e social Elis Radmann, diretora do IPO, lembrou que a preocupação com a fragilidade da educação foi apontada por sete de 10 pais de famílias ouvidos pela pesquisa.
A pesquisa sobre a saúde revelou o represamento de demandas da população por cirurgias, exames e tratamentos específicos. São quase 1 milhão de gaúchos que tiveram de adiar algum procedimento durante a pandemia. Apesar disso, a pesquisa constatou que a população gaúcha está satisfeita com o serviço prestado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De cada 10 usuários consultados, sete aprovam o serviço prestado.
A aprovação não significa que o desafio seja menor: os atendimentos represados durante a pandemia exigirão mutirões nos próximos meses para colocar em dia o que ficou para trás.
Embora cada pesquisa tenha sido apresentada logo depois da tabulação dos resultados, a reunião dos dados é importante para subsidiar as políticas públicas.
O estudo que Elis considera mais emblemático é o que mostrou o quanto a desigualdade social cresceu na pandemia e fragilizou a vida das famílias que vivem com até 40% do salário mínimo no RS. Por último, foi possível identificar as transformações do mercado de trabalho com o impacto da tecnologia digital, que se relaciona com todos os outros temas. Da pesquisa nasceu a constatação de que o Rio Grande do Sul não está preparado para a indústria 4.0.
— A tecnologia de ponta exige que se prepare a população, os profissionais, empresários e empreendedores — alertou a pesquisadora, lembrando que essa tarefa caberá aos gestores públicos.
Para marcar o encerramento do projeto, o deputado Gabriel Souza fez seu último ato oficial como presidente da Assembleia. No dia 31, ele transmite o cargo ao deputado Valdeci Oliveira (PT).
O deputado lembrou a tradição belicosa do Rio Grande do Sul e disse que, neste ambiente conturbado, promoveu “a revolução do diálogo, da harmonia e da construção coletiva”, sem abrir mão da autonomia garantida aos poderes na Constituição.
— Nem sempre foi assim. Mesmo num passado recente, tivemos momentos mais acirrados, mas estamos construindo um novo paradigma em que a harmonia entre os poderes está produzindo resultados positivos para a sociedade — destacou.
Gabriel entregou ao governador Eduardo Leite e demais convidados o livro A retomada baseada em evidências, uma compilação das quatro pesquisas. Discursaram também a diretora de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Corsan, Liliani Cafruni, o presidente do Banrisul, Cláudio Coutinho, e o diretor de Planejamento do BRDE, Otomar Vivian. As três instituições ajudaram a financiar o projeto.
Leite definiu o livro como "um portfólio de soluções", que deverá funcionar como bússola para os atuais e futuros gestores do Estado:
— Argumentos técnicos ajudam a construir soluções objetivas e convergências. É um material obrigatório para quem quiser debater o futuro do Rio Grande do Sul com base numa realidade apurada de forma científica.
O governador elogiou o presidente da Assembleia e disse que Gabriel Souza encerra sua gestão entregando o que se propôs, ou seja, "o exercício da democracia de forma ativa e interativa, apesar de todas as dificuldades de interação impostas pela pandemia":
— A tecnologia permitiu a aproximação com a população, contribuindo para o conhecimento da realidade e para a busca de evidências científicas para a construção de políticas públicas.