No mesmo dia em que divulgou a prometida “carta aos gaúchos”, o presidente estadual do MDB, Alceu Moreira, que quer disputar o governo do RS nas eleições, fez outro movimento para mostrar aos concorrentes internos que está no páreo e pretende medir forças no voto, na prévia marcada para 19 de fevereiro. Acompanhado do ex-prefeito José Fogaça e do presidente da Juventude do MDB, Ivan Carlos Maurina, Alceu procurou o governador Eduardo Leite para entregar dois documentos: a síntese das propostas discutidas na série de seminários Caminhos do Rio Grande e a revista Todos por um só Brasil, sobre o projeto nacional do partido.
Apesar da preferência declarada de Leite pela candidatura do presidente da Assembleia, Gabriel Souza, Alceu disse à coluna que o encontro de 50 minutos foi melhor do que ele esperava:
— O governador é um homem amável, educadíssimo e respeitoso. Falamos sobre o futuro do Rio Grande e sobre a importância de dar continuidade ao projeto que ele representa e que começou em 2015, com José Ivo Sartori. O Rio Grande do Sul está acima de todos os interesses.
Alceu Moreira disse que respeita todos os que quiserem disputar a prévia, mas até aqui ninguém se inscreveu. Ele mesmo pretende se inscrever apenas no último dia, 3 de fevereiro, e em seguida se licenciar da presidência do MDB para fazer campanha. O deputado disse que é tarde demais para adiar a prévia, como querem alguns caciques do MDB:
— O adiamento para fevereiro foi aprovado pelo diretório estadual. Para mudar a data, teria de convocar novamente o diretório, com antecedência de oito dias para a publicação do edital. Não dá mais tempo.
Quando diz que é tarde para transferir a prévia, o deputado se refere à data de fevereiro, prazo derradeiro para as inscrições, e à falta de um fato novo que justificasse a transferência. Nem o argumento de que poderia ser o tempo necessário para o MDB convencer o ex-governador José Ivo Sartori a concorrer faz sentido para o deputado. Ele sempre disse que se Sartori aceitar ser candidato, não precisa prévia. É só dizer. Em relação à candidatura de Gabriel, Alceu diz que está pronto para uma disputa sem agressões.
— Quem disse que só seria candidato se eu não fosse foi o Gabriel. Se ele mudou de ideia, é legítimo que concorra. Não sou eu quem vai dizer que quebrou a palavra dada. É legítimo que todos os que quiserem concorrer se inscrevam — reafirmou, referindo-se também a Cezar Schirmer, Marco Alba e Osmar Terra, que admitem entrar na disputa.
Na carta, divulgada no início da tarde, Alceu começa dizendo: “Nós precisamos que a vida das pessoas no Rio Grande volte a funcionar bem. Agir para criar novas oportunidades de trabalho. Mobilizar energias para impulsionar a produção. Acelerar o nosso ritmo. Vencer a crise. Trocar a incerteza pela vontade e pela confiança para superarmos este momento de dificuldades. Gerar um ambiente econômico dinâmico e de mudança social”.
São três páginas, nas quais o deputado fala de sua biografia, do projeto Caminhos do RS e do que considera importante ser feito pelo próximo governo. Ao final, diz que “o que há de melhor no Rio Grande são os gaúchos”.