Não há explicação que pare em pé para a demora do Ministério da Saúde em restabelecer plenamente a sua rede de informações. Um ataque hacker teria provocado o apagão de dados que não só tirou do ar o ConecteSus, aplicativo que permite aos brasileiros emitirem seu certificado de vacinação e acompanharem outros dados referentes a sua saúde, incluindo testes de covid-19. Nunca se viu um problema em um sistema vital como o do Ministério da Saúde demorar tanto tempo para ser restabelecido.
Seria desídia? Boicote? Incompetência? Sofisticação dos hackers? Falta de investimentos? Impossível responder com precisão. O indiscutível é que esse apagão de dados deixou o país literalmente às escuras em relação à situação da pandemia e da vacinação.
Mesmo que o consórcio de veículos de imprensa continue garimpando dados com as secretarias estaduais de saúde, que por sua vez recebem informações das secretarias municipais, há incerteza sobre a real situação da pandemia. O quadro da vacinação está defasado - e nem secretários nem governadores conseguem saber a quantas anda a imunização.
Nos dias em que o sistema esteve completamente fora do ar, as unidades básicas de saúde e farmácias parceiras voltaram às planilhas de papel. Em vez de entrar na ficha de cada brasileiro que ia receber a primeira, segunda ou terceira dose, os atendentes eram obrigados a lançar todos os dados em uma folha de papel, para mais tarde digitar número por número, letra por letra.
E não são poucos: nome, data de nascimento, CPF, nome da mãe, endereço, telefone, marca e lote da vacina. É por isso que a terceira dose ainda não aparece para milhões de brasileiros que já estão com ela no braço há mais de um mês. E o balanço nacional da vacinação está distorcido.
Sem informações precisas é impossível fazer planejamento em saúde ou em qualquer outra área da gestão pública. Um apagão no momento em que a variante ômicron faz multiplicarem-se exponencialmente os resultados positivos produz uma cegueira coletiva.
Coordenador do comitê de dados do governo gaúcho, o secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luís Lamb, garante que no Rio Grande do Sul as informações sobre casos, internações (em leitos clínicos e de UTI) e mortes são atualizadas regularmente. O que não se tem é o panorama da vacinação, porque os municípios lançam os números no sistema do Ministério da Saúde, que parece não ter pressa em iluminar o cenário.
Aliás
Por enquanto, o comitê de crise do Rio Grande do Sul não vê motivo para mudar a frequência das reuniões, que ocorrem todas as terças-feiras, mas o aumento de 57% nas internações em leitos clínicos na primeira semana do ano deixou as equipes em alerta. Na próxima, será reavaliada a situação das 21 regiões, que receberam aviso para não baixar a guarda.
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