Zilá Breitenbach já fez os cálculos: caso a proposta do governo Leite para o magistério seja aprovada, ela terá a aposentadoria de professora da rede estadual aumentada em cerca de R$ 200. Zilá é deputada estadual pelo PSDB, mesmo partido do governador, e será uma das parlamentares a decidir nesta quarta-feira (22) o percentual de reajuste para os professores estaduais, que estão há sete anos com os vencimentos congelados.
Ela admite que a proposta do governo não contempla aquilo que os professores aposentados desejam e diz que esperava que o grupo ganhasse ao menos 10% de reposição salarial. Ainda assim, a deputada valoriza o avanço que houve entre a proposta inicial — que mantinha os vencimentos congelados para cerca de 30 mil aposentados — e a proposta atual, que prevê reajuste de ao menos 5,53%.
— Acredito que avançamos. Não tínhamos nada (de reajuste). Não havia nenhum reajuste para o aposentado (no projeto original do governo). Mas a gente conversou com o governo e chegamos a 5,53% de reajuste. É o que os aposentados gostariam? Com certeza, não. Temos ainda terça e quarta-feira para discutir. A gente gostaria de um pouco mais. A gente gostaria que chegasse a uns 10% — avalia Zilá.
Apesar de pleitear um índice mais elevado, a deputada indica o voto favorável ao projeto. Na avaliação da parlamentar, o governo Leite está oferecendo o reajuste possível dentro dos limites fiscais e não há margem política para melhorar o texto.
— Acredito que não haja espaço (para melhorar a proposta). É a proposta possível. Eu poderia votar contra? Poderia. Mas não vai mudar. O governo está oferecendo aquilo que é possível — diz.
"Longe do ideal", avalia deputado do PSDB que foi secretário da Educação
Outro deputado tucano diretamente ligado ao tema é Faisal Karam, ex-secretário estadual da Educação. Ele também votará favorável ao texto do governo, mas igualmente admite que a proposta está longe do ideal por não contemplar os funcionários de escolas e por impor percentuais mais baixos aos aposentados.
— Se é uma boa proposta? Honestamente, não sei. Eu sei que é a proposta possível para atingir o maior número de profissionais de sala de aula. A gente sabe que está trazendo uma dificuldade ainda maior aos demais servidores da educação, que já estão há sete anos sem reajustes, e aos inativos. Não é o ideal, está longe do ideal, frente a sete anos (sem reposição) e à inflação, mas é o que o governo consegue hoje colocar. E isso só foi possível graças a reformas realizadas pelo próprio governo — aponta Karam.
A proposta do governo Leite prevê aumento salarial que varia entre 5,53% e 32% para os professores estaduais. A média, para os professores em atividade, é de 22,7% de reposição.
Os maiores percentuais de aumento serão aplicados aos professores que entraram mais recentemente no quadro, enquanto os mais baixos pesarão sobre os professores aposentados e os que têm mais tempo de carreira. Uma emenda do PT propõe aplicar o reajuste de 32% de forma linear, a todos os professores da ativa e inativa.