Mesmo com toda a exposição que teve nas últimas semanas, por causa de sua filiação ao Podemos e dos movimentos como pré-candidato a presidente da República, o ex-juiz Sergio Moro não decolou. Pesquisa do Ipec, instituto que sucedeu ao Ibope, o ex-presidente Lula (PT) tem 48% das intenções de voto e, se a eleição fosse hoje, estaria a um passo de vencer no primeiro turno. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O Ipec ouviu 2.002 pessoas em 144 municípios entre 9 a 13 de dezembro.
Em segundo lugar segue o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 21% da preferência dos entrevistados. Nenhum dos possíveis candidatos da terceira via teve desempenho minimamente próximo. Moro tem 6% das intenções de voto e está tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PDT), que tem 5%. Já o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que derrotou Eduardo Leite na prévia do PSDB, no final de novembro, largou parado e não saiu dos 2% que tinha antes da disputa interna. Esse número é vexatório para Doria, porque é idêntico ao do desconhecido deputado federal André Janones (Avante-MG).
A soma dos pretendentes à vaga de candidato da terceira via é inferiro aos 21% de Bolsonaro. Todos os outros testados pelo Ipec tiveram 1% ou menos: Simone Tebet (MDB), Cabo Daciolo (PMN), Alessandro Vieira (Cidadania), Felipe D'Ávila (Novo), Rodrigo Pacheco (PSD) e Leonardo Péricles (UP). Brancos e nulos somam 9% e indecisos, 5%.
Como se explica a vantagem de Lula
Por mais que os seguidores de Bolsonaro desdenhem das pesquisas que mostram Lula em primeiro lugar e insistam que o presidente está à frente, os números podem ser explicados pela política e, principalmente, pela economia. Com a inflação oficial batendo em 11%, e preços de produtos e serviços como gasolina, gás e energia elétrica beirando ou passando de 50%, o eleitor médio não tem motivo para acreditar que com Bolsonaro a situação possa melhorar.
A elevação dos juros, adotada para conter a inflação, encarece o crédito e agrava a situação dos endividados. Nesta hora, fala mais alto a lembrança da situação econômica do governo Lula, o tempo do pleno emprego e do dólar baixo. Como o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações impostas a Lula e a campanha ainda não está na rua, o petista se beneficia do desgaste de Bolsonaro e da falta de articulação dos adversários de outros partidos.
Quando a campanha começar para valer, Lula terá de sair da zona de conforto, enfrentar os adversários, responder pelas acusações de corrupção em seu governo. A vantagem é que se comunica melhor do que os principais concorrentes e está acumulando gordura para queimar na campanha.