No dia 22 de dezembro, celebro um aniversário especial: a maioridade como titular da coluna Política+, que antes se chamava Página 10. Não contarei quantas mil páginas escrevi nestes 18 anos, mas faço aqui o registro porque eu mesma me surpreendo com a longevidade deste trabalho que, sem falsa modéstia, é para os fortes, principalmente no Rio Grande do Sul. Porque somos um Estado em que as pessoas defendem suas convicções com paixão, seja em relação à dupla Gre-Nal, seja no pantanoso território da política.
Quando naquele dezembro de 2003 fui convidada para substituir o jornalista José Barrionuevo, que decidira ser consultor, aceitei o desafio com tranquilidade, porque já conhecia o terreno. Estava em ZH como editora de política desde 1992. Passara pelo impeachment de Fernando Collor logo na minha chegada, coordenara a cobertura de seis eleições e já escrevia um artigo de opinião diário desde 1999.
Sabia que a coluna tinha um peso maior e que o Barrio era uma lenda, mas não sou de fugir da raia. Nunca me encolhi para trabalho e não tenho medo de cara feia. Difícil mesmo tinha sido o desafio anterior, de fazer comentário na TVCOM, eu que sempre me considerei uma pessoa do texto.
No início foi difícil. Algumas fontes se achavam no direito de tentar me ensinar o ofício, mas a essas precisei mostrar que não estava no jornalismo há tantos anos (e sem jamais ter sido demitida de um emprego) de favor. Sou o que na minha terra se chama de "pé-de-boi" e essa capacidade de trabalho, somada a um tanto de resistência e resiliência, me trouxeram até aqui. Aprendi a lidar com os ataques das redes sociais, coleciono carimbos virtuais que me foram colocados por quem acha que estou sempre do outro lado: comunista, neoliberal, petista, anti-petista, coxinha, socialista, capitalista, tucana, privatista, assessora de imprensa deste ou daquele governo. Divertem-me esses rótulos, porque o único "ista" que ostento no meu macacão de operária é o de jornalista, profissão que não trocaria por nenhuma outra.
Em 2022, tenho algumas datas redondas a celebrar: em janeiro, 40 anos de formatura, em abril, 15 anos na apresentação do Gaúcha Atualidade, programa líder de audiência, e em julho 30 anos de Grupo RBS. Por coincidência, 2022 é o ano em que a Gaúcha completa 95.
Ao celebrar esses 18 anos de coluna, preciso agradecer. Primeiro, ao Grupo RBS e aos meus editores que sempre me deram liberdade para informar, analisar e opinar. Aos leitores, que me acompanham nesta jornada. Às fontes, com quem criei uma relação baseada no respeito. De forma muito especial, agradeço aos colegas que na condição de assistentes ajudam a colocar ordem na minha desorganização e dividem a tarefa de apurar informações. Paulo Egídio, que me ajuda no dia a dia e me substitui nas férias e no fim de semana de folga desde antes da pandemia, e seus antecessores Débora Cademartori, Juliano Rodrigues, Letícia Duarte, Fabiano Costa, Vivian Eichler e Suzete Braun.
O nosso é um trabalho de equipe. Todos os colegas de redação têm um pouco de crédito pela sobrevivência nestes 18 anos, com informações, sugestões, sorrisos, palavras de afeto, abraços, cuias de chimarrão, flores, presença. Em 2022, estarei pronta para mais uma eleição, talvez a cobertura mais difícil do resto das nossas vidas.