Tudo o que se fizer pela educação no Rio Grande do Sul nos próximos anos será pouco para compensar o atraso das últimas décadas. Os resultados do Ideb e de todas as avaliações a que são submetidos os alunos mostram que o nível de aprendizagem está muito aquém do esperado, sobretudo em português e matemática. Esse não é o único problema que deve preocupar o governador Eduardo Leite e os que disputarão sua cadeira em 2022.
O programa Avançar na Educação, que prevê investimento de R$ 1,2 bilhão, lançado na véspera do Dia do Professor, e os subprodutos detalhados nesta terça-feira (26) por Leite e pela secretária Raquel Teixeira são pouco mais do que uma gota no oceano, mas precisam ter continuidade. Desde já, os pré-candidatos deveriam assumir um pacto pela educação que contemple a manutenção dessas iniciativas, seu aperfeiçoamento e ampliação.
É preciso que os candidatos tenham claro que não se pode fazer a escola do século 21 com métodos do século 19. O processo de qualificação passa pela valorização dos professores, que não se faz apenas com salários, cuja defasagem precisa ser corrigida, mas com a oferta de condições de trabalho. Isso significa escolas em boas condições, equipamentos adequados e formação continuada.
No caso dos alunos mais carentes, o programa Todo Jovem na Escola pode ser insuficiente para garantir a permanência no Ensino Médio, mas é um estímulo para evitar a evasão e para reconquistar aqueles que desistiram em meio à pandemia, seja porque precisavam trabalhar, seja porque perderam a motivação. Ainda que seja um valor baixo, a bolsa de R$ 150 dá ao jovem e à família um motivo adicional para continuar a formação e, assim sonhar com um futuro melhor.
Neste primeiro ano, serão contemplados cerca de 80 mil alunos do 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio. Para ter direito, o estudante precisa comprovar pelo menos 80% de frequência às aulas presenciais e participação nas atividades e nas avaliações regulares.
Da mesma forma, a distribuição gratuita de absorventes para as meninas em situação de vulnerabilidade social, prevista no programa Livre para Aprender, pode parecer insignificante para quem nunca precisou faltar às aulas pela chamada pobreza menstrual. Famílias obrigadas a optar entre comprar absorvente ou matar a fome terão uma pequena ajuda para que as adolescentes não precisem se esconder em casa dois ou três dias por mês.
As medidas anunciadas pelo governo incluem a distribuição de 6.065 celulares doados pela Receita Federal, para a realização de atividades educacionais remotas. O número não contempla as necessidades de todos os alunos que durante a pandemia tiveram dificuldades para acompanhar as aulas por falta de equipamentos adequados. Deve ser o embrião de um programa mais ambicioso, que poderia buscar parcerias com o setor privado ou com instituições públicas. Não são poucas as empresas e órgãos públicos que fornecem telefones para seus funcionários e os trocam regularmente por modelos mais modernos.
Aliás
A mudança nos critérios de distribuição do ICMS aos municípios, para valorizar os que conseguem avanços na educação, é um caminho sem volta. Os prefeitos que não se convencerem de que é preciso investir perderão recursos.
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