A tradição foi mantida e o presidente Jair Bolsonaro discursará nesta terça-feira (21) na Assembleia Geral da ONU, mas em um aspecto será na condição de pária: é o único entre os líderes das grandes economias do mundo a não se vacinar contra o coronavírus. Impedido de frequentar restaurantes em Nova York, cidade que adotou o passaporte vacinal como condição para entrar em ambientes fechados, Bolsonaro teve de comer pizza na rua, no domingo (19), e contar com o jeitinho brasileiro para almoçar nesta segunda-feira (20).
A churrascaria brasileira Fogo de Chão improvisou um “puxadinho” na área externa para não descumprir a lei e, ao mesmo tempo, garantir a privacidade do presidente e parte da sua comitiva de 17 pessoas. O restaurante colocou mesas ao ar livre cercadas por tapumes de panos pretos, para não expor os comensais aos olhos dos curiosos, como mostra a foto da repórter Mariana Sanches, da BBC News. Solidários, os vacinados, como o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fizeram companhia ao chefe.
A “vergonha alheia” não se limitou às refeições. Em encontro com Bolsonaro, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse que tinha tomado as duas doses da vacina Oxford/AstraZeneca, no Brasil fabricada pela Fiocruz, e fez a defesa do imunizante. Bolsonaro limitou-se a dizer que ainda não tinha se vacinado.
Boris Johnson foi elegante, mas o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, expressou seu sentimento sem meias palavras:
— Quero mandar um recado para todos os líderes mundiais, especialmente para Bolsonaro: se você não quer ser vacinado, nem se incomode de vir (a Nova York).
De Blasio também elogiou o esforço do presidente da Assembleia Geral da ONU, que tentou promover uma vacinação das delegações, mas a Secretaria-Geral da ONU disse que não poderia forçar líderes de países a se vacinarem ou barrá-los.