Na visita que fez a Chapecó (SC) nesta sexta-feira (25), o presidente Jair Bolsonaro reprisou o roteiro de campanha eleitoral que tem marcado suas incursões pelo interior do Brasil: aglomeração sem máscara na chegada ao aeroporto, selfie e ovação de parte dos seguidores. Em território amigo — Santa Catarina é um dos Estados mais bolsonaristas do país — o presidente tentou produzir imagens que coloquem em dúvida a pesquisa do instituto Ipec, divulgada na madrugada, que lhe é desfavorável.
A pesquisa mostrou que, se a eleição fosse hoje, o ex-presidente Lula teria 49% e Bolsonaro, 23%. Ciro Gomes (PDT) teria 7%, João Doria (PSDB), 5% e Luiz Henrique Mandetta (DEM), 3%. A mesma pesquisa constatou que a popularidade de Bolsonaro teve uma queda brusca entre fevereiro e junho deste ano.
Os bolsonaristas questionam os números com o argumento de que o presidente é ovacionado por onde passa, ainda que nessas viagens seja praxe convidar somente os aliados. O principal compromisso de Bolsonaro em Chapecó foi uma visita às obras de melhoria na Arena Condá e às instalações de uma cooperativa de alimentos. No estádio da Chapecoense, Bolsonaro, sem máscara, como fazem os atletas em campo, fez uma performance com bola de futebol e bateu pênaltis. Nos espaços fechados, respeitou a lei catarinense que determina o uso da máscara.
Antes de desembarcar em Chapecó, o presidente esteve em Sorocaba (SP) e voltou a insultar a imprensa — outro comportamento que já virou rotina. Incomodado ao ser questionado sobre a avaliação de especialistas de que milhares de mortes poderiam ter sido evitadas se o governo tivesse comprado vacinas antes, o presidente perdeu a compostura.
Descontrolado, disse à repórter que que ela deveria voltar para a faculdade, depois para o ensino médio, em seguida, para o jardim de infância e aí "nascer de novo". Acusou os repórteres de fazerem “pergunta idiota”, quando questionado sobre as acusações de corrupção na negociação para a compra da vacina Covaxin.