De exemplo nos primeiros meses da pandemia, o Rio Grande do Sul é hoje um dos piores Estados do Brasil em matéria de mortes por covid-19, se considerado o índice de óbitos por 100 mil habitantes. Esse dado deveria ser suficiente para provocar uma reflexão nos responsáveis pelas políticas públicas, nos agentes econômicos e na população em geral.
O colapso hospitalar dos meses de março e abril explica o salto no número de mortos. Embora a média móvel tenha caído nas últimas semanas, o crescimento das contaminações e o aumento das internações em leitos clínicos obrigam os prefeitos a repensar a estratégia de liberação ampla, geral e quase irrestrita dos últimos dias.
Com 27.167 mortes por covid-19 desde o início da pandemia, conforme dados oficiais atualizados às 7h da manhã de sexta-feira (21), o Rio Grande do Sul tem a oitava maior taxa de mortalidade por 100 mil habitantes: 238,78, acima da média brasileira que é de 211,33. Para se ter uma ideia do que isso significa, o médico Alexandre Bublitz, que se debruçou sobre as planilhas de dados, calcula que, se o Brasil tivesse o índice do Rio Grande do Sul, o número de mortos, hoje, seria 503.868, em vez dos 444.940.
Com mortalidade maior do que a registrada no Rio Grande do Sul aparecem Rondônia (313,13 por 100 mil habitantes), Amazonas (311,32). Mato Grosso (299,07), Rio de Janeiro (284,02), Distrito Federal (279,31), Roraima (262,31) e Espírito Santo (259,04).
Os melhores índices estão no Maranhão (110,5), Bahia (135,8), Alagoas (136,5) e Pernambuco (159). Isso significa que, a despeito de ter uma redes hospitalar mais estruturada e uma economia bem mais robusta, a chance de morrer de coronavírus no Rio Grande do Sul é mais que o dobro da do Maranhão. Não por acaso, a região Nordeste registra a melhor média (159,6). O Sul tem 233,68.
No mundo, o Brasil é o 12º país com o maior número de mortos na proporção da população, com 2.087 óbitos por milhão de habitantes.
Bublitz, que coordena da Unidade Pronto Atendimento (UPA) da Bom Jesus, uma das áreas mais carentes de Porto Alegre, diz que o Rio Grande do Sul tomou medidas ineficazes e que outras, que poderiam ajudar a salvar vidas, foram descumpridas:
— Com esse novo aumento de casos, temo que possamos ter uma nova onda em breve. Caso não nos portemos diferentemente nos próximos meses, o RS tem a possibilidade de entrar para a história como um dos piores Estados no enfrentamento da pandemia.
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