Dois dias depois de sua reunião ordinária, na terça-feira (18), o gabinete de crise do governo do estado foi obrigado a realizar um novo encontro extraordinário para avaliar a recomendação do grupo de trabalho (GT) da saúde de emitir alertas para três regiões: Palmeira das Missões, Santa Rosa e Uruguaiana. O GT Saúde também havia recomendado um quarto alerta, para a área de Erechim, mas o gabinete de crise definiu pela emissão de um aviso.
Dito assim, pode parecer apenas um ato burocrático, mas não é. O alerta, segundo nível do plano dos 3As, é um indicativo de que a tendência de agravamento da situação se consolidou e que é preciso adotar medidas para evitar o colapso do sistema hospitalar.
A região de Caxias do Sul recebeu o segundo aviso, que só não foi alerta porque o número de casos confirmados em sete dias teve uma redução de 29%. O número acumulado de mortes subiu 5,1%, a média móvel de óbitos, 14,5%, a ocupação de UTIs cresceu 7,16% na média móvel e chegou a 85,7% do total. A ocupação de leitos clínicos teve um salto de 9,3%. Bagé também recebeu aviso.
A conclusão dos técnicos foi divulgada antes da reunião do gabinete de crise e essa transparência deve ser saudada: os dados sobre a evolução da pandemia são públicos. Qualquer cidadão com paciência e interesse nas estatísticas pode entrar no site e analisar os dados e gráficos. Nenhum prefeito, portanto, pode dizer que fui surpreendido por uma onda que chegou sem aviso.
O monitoramento da pandemia pode ser comparado aos furacões que se formam em alto mar e podem ser monitorados na força e na velocidade antes de tocar o solo. A possibilidade de uma nova onda de covid-19 começa a ser percebida na porta de entrada do sistema de saúde - as unidades básicas, as emergências, as unidades de pronto atendimento, que encaminham os suspeitos para teste. Depois vêm os resultados da testagem, as internações em leitos clínicos, a ocupação das UTIs e, por fim, as mortes.
Avisados desde o início de que a situação corre o risco de sair do controle, os prefeitos têm tempo para planejar ações. No cardápio não há muitas opções disponíveis, mas a restrição de circulação torna-se inevitável quando os números disparam.
Porta de entrada
Como as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) são uma das portas de entrada do sistema de saúde, convém prestar atenção no que ocorre nessas instituições, para sentir a temperatura da evolução da pandemia.
Em Porto Alegre, as UPAs foram as primeiras a entrara em colapso em março. Na unidade da Bom Jesus, a superlotação diminuiu, mas não acabou. O coordenador da UPA, Alexandre Bublitz, diz que a lotação tem variado de 200% a 380%. Na segunda-feira (17), estava com 370%. Nesta quarta (19), caiu para 242%.
— A novidade das últimas três semanas tem sido o aumento de casos pediátricos, tanto para patologias normais da infância, como para a covid-19 — relata Bublitz.
Nesta semana, um bebê de um mês, com covid, chegou à UPA em estado grave e teve de ser transferido para a UTI do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas.
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