A decisão do gabinete de crise de referendar as indicações do Grupo de Trabalho da Saúde e inaugurar os dois primeiros "As" do novo plano de monitoramento da covid-19, emitindo “avisos” para sete municípios e “alertas” para cinco é uma demonstração de respeito aos técnicos. Os problemas nessas regiões foram detectados no GT Saúde sábado (15), mas só na manhã desta terça-feira (18) os prefeitos receberam a comunicação oficial.
Em entrevista coletiva, o governador Eduardo Leite informou que, a partir da próxima semana, as reuniões do grupo de trabalho e do gabinete de crise, destinadas a avaliar o andamento da covid-19 nas 21 regiões e analisar a eventual emissão de avisos e alertas, deverão ocorrer sempre às quartas-feiras.
O hiato entre a identificação da tendência e a comunicação aos prefeitos pode fazer com que os alertas cheguem atrasados ao destino, mas o governador garantiu que, se no monitoramento diário, forem detectados indícios de agravamento da situação em uma ou mais regiões, poderão ocorrer reuniões extraordinárias. Essa seria uma vantagem em comparação com o modelo anterior, que rodava nas tardes de sexta-feira para que as bandeiras vigorassem a partir de terça-feira.
Como os dados são atualizados diariamente e podem ser acessados por qualquer cidadão, pela internet, os prefeitos não terão como tapar o sol com a peneira. Ainda que sejam dezenas de páginas de informações, há planilhas que resumem com bastante clareza a evolução dos dados que importam: aumento das contaminações, ocupação de leitos clínicos e de UTI, óbitos e taxa de letalidade.
É pela combinação desses dados que as regiões de Santo Ângelo, Cachoeira do Sul, Passo Fundo, Ijuí e Cruz Alta foram as primeiras a receber alertas e terão de apresentar, 48 horas depois da notificadas, um plano de ação. Da mesma forma, pela tendência de agravamento, o GT Saúde entendeu necessário alertar os municípios das regiões de Palmeira das Missões, Santa Rosa, Santa Maria, Uruguaiana, Pelotas, Caxias do Sul e Santa Cruz do Sul.
Em 13 das 21 regiões em que o Estado foi dividido, a ocupação de leitos de UTI é superior à média do Estado (77,9%), sendo que em nove está acima de 90%. Nesse quesito, o caso mais crítico é o da região de Cachoeira do Sul, com 150% da capacidade, o que o governador definiu como “ocupação de leitos não habilitados”.
Se tomar o conjunto dos dados, a região de Santo Ângelo é que tem a pior combinação de indicadores: 96,2% de ocupação dos leitos de UTI, aumento de 11,1% nos óbitos em sete dias e crescimento de 57,6% dos casos.
Aliás
O governo segue atento e emite relatórios diários sobre a situação da pandemia nos Estados e países vizinhos. A preocupação do momento é com a disparada de casos no Paraná, no Uruguai e na Argentina.