O Palácio Piratini não cumpriu a promessa de transparência feita no lançamento do novo plano de monitoramento da covid-19. A decisão do gabinete de crise sobre as regiões que receberão “avisos” e “alertas”, tomada nesta segunda-feira (17) à noite, só será conhecida dos gaúchos às 11h de terça (18), por meio dos canais oficiais do governo.

Não há justificativa plausível para retardar a divulgação de uma decisão que já está tomada e, ao que tudo indica, referenda as indicações do Grupo de Trabalho da Saúde e inaugura os dois primeiros “As” do novo plano de monitoramento da covid-19. Os técnicos recomendaram que sejam emitidos “avisos” para sete regiões e “alertas” para cinco. A equipe que montou o plano batizado de 3As é a mesma que trabalhou no falecido modelo de distanciamento controlado: técnicos do quadro do Estado e de universidades.

As regiões em situação crítica, que terão de apresentar um plano de ação em 48 horas, são as mesmas para as quais o governador Eduardo Leite já havia dado uma espécie de luz alta na sexta-feira: Santo Ângelo, Cruz Alta, Ijuí, Passo Fundo e Cachoeira do Sul. O aviso de que é preciso ficar atento para a evolução dos números será dado aos municípios das regiões com sede em Santa Maria, Uruguaiana, Santa Rosa, Palmeira das Missões, Pelotas, Caxias do Sul e Santa Cruz do Sul.

 — Não é o modelo que combate a pandemia. O modelo fornece os dados que retratam a situação. A partir desses indicadores, os gestores precisam adotar medidas e a população tem de se conscientizar de que deve fazer a sua parte  —  diz o secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luís Lamb.

O secretário usa uma variação da metáfora “não adianta matar o  mensageiro” para ilustrar a afirmação de que o  modelo não é responsável pelo sucesso nem pelo fracasso da pandemia:

—  Se uma pessoa está com 2°C de febre, não é quebrando o termômetro que a temperatura vai baixar. A febre é a manifestação de que o corpo está doente.

Caberá ao vice-governador Ranolfo Vieira Júnior e à Secretaria de Apoio aos Municípios, comandada por Luiz Carlos Busato, fazer a comunicação aos municípios que integram as regiões sob risco, antes do anúncio oficial, para que os prefeitos  não sejam informados pela imprensa.

 Além das regiões assinaladas para receber as advertências, os técnicos notaram também uma elevação dos casos e internações na Região Metropolitana.

Pelos dados disponíveis no site que reúne os indicadores da cada região, a de Cachoeira do Sul tem o mais alto índice de ocupação de UTIs: 145%. Santo Ângelo está com 100% e Passo Fundo com 97,6%.

Os 3As

Aviso

• Quando detecta uma tendência, o grupo de trabalho da Saúde emite um aviso para a equipe técnica da região. 
• Ao detectar outras situações, como redução no ritmo da vacinação ou registro instável de dados, o GT Saúde também emitirá um aviso para a equipe técnica da região. 
• Quando recebe um aviso, a região deverá redobrar sua atenção para o quadro da pandemia, sendo opcional adotar novas medidas.

Alerta

• Quando detecta uma tendência grave, o GT Saúde informa o Gabinete de Crise sobre a necessidade de emitir um alerta para a região. 
• Se o Gabinete de Crise decide não emitir alerta, a região segue em monitoramento até a próxima reunião do GT Saúde.

Ação

• Se o Gabinete de Crise decide emitir alerta, a região terá 48 horas para responder sobre o quadro regional da pandemia e apresentar uma proposta de ações a serem tomadas (adoção de protocolos mais rígidos, ações de fiscalização etc.).
• Se o Gabinete de Crise considerar adequada a resposta da região, a proposta é imediatamente aplicada, e a região segue sendo monitorada pelo GT Saúde.
• Se o Gabinete de Crise não considerar adequada a resposta, o Governo Estadual poderá estipular ações adicionais a serem seguidas na região em situação de alerta.

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