A eleição interna no Ministério Público para escolher os integrantes da lista tríplice de onde sairá o sucessor do procurador-geral, Fabiano Dallazen, já tem quatro candidatos, todos promotores de Justiça. São eles (em ordem alfabética): Alexandre Saltz, 54 anos, Marcelo Dornelles, 52, Márcio Schlee, 47, e Sérgio Harris, 48.
O prazo de inscrição termina em 5 de abril e a eleição será realizada de 10 a 15 de maio. Cada membro do Ministério Público pode votar em até três candidatos. O governador Eduardo Leite poderá escolher qualquer um dos três mais votados.
Dois dos quatro candidatos integram a gestão de Dallazen. Marcelo Dornelles, que já foi procurador-geral, é o atual subprocurador para Assuntos Institucionais. Quando terminou seu mandato, abriu mão de disputar a reeleição e apoiou Dallazen. Sérgio Harris é o subprocurador de Gestão Estratégica. Márcio Schlee, que atua na Promotoria de Pelotas, foi candidato na última eleição, em 2019, e ficou em segundo lugar. Alexandre Saltz é o atual coordenador da Promotoria do Meio Ambiente.
As propostas dos quatro candidatos têm pontos de convergência, a começar pela valorização da instituição Ministério Público e do uso da tecnologia para qualificar o trabalho, mas os caminhos apontados variam de um para outro.
Primeiro ex-procurador-geral a tentar uma nova eleição depois de quatro anos afastado, Dornelles aposta na experiência para liderar o Ministério Público em um momento crítico como o atual, por causa da pandemia. Lembra que as promotorias mantiveram as portas abertas ao público ao longo de quase todo o ano passado e que foi preciso reinventar a forma de trabalhar, com o aumento da demanda.
— Recebi apelos para continuar, pela experiência e pelas relações que construí, internas e externas, nos últimos anos — diz Dornelles, que foi o primeiro promotor a assumir a chefia do Ministério Público.
Saltz divide suas propostas em três eixos que se interligam: reconhecimento interno e externo, efetividade e carreira. Na avaliação do promotor, o Ministério Público precisa se comunicar melhor para que a sociedade reconheça sua importância. Lembra que o MP só fechou as portas por um mês em 2020 e tem sido uma das instituições mais demandadas na pandemia.
— O Ministério Público precisa ser visto como um grande escritório de advocacia a disposição da sociedade — sintetiza.
Para dar maior efetividade ao trabalho, sugere investimentos em tecnologia, maior interação da Procuradoria-Geral com as promotorias, para conhecer a realidade de cada região, e integração entre procuradores e promotores.
Schlee defende “um Ministério Público cada vez mais aberto à população, próximo da sociedade, com maior união entre promotores e procuradores:
— Não somos oposição à gestão atual. Somos uma alternativa de renovação, com outra visão de gestão. Respeito todos os candidatos e acredito que podemos fazer um bom debate para atender melhor à sociedade.
Com a digitalização dos processos, Schlee considera necessário investir mais em tecnologia e treinamento, com planejamento estratégico claro.
Harris, que já foi presidente da Associação do Ministério Público, considera essencial a valorização da carreira, a melhoria do ambiente e a modernização dos fluxos de trabalho, usando a tecnologia para definir prioridades e, assim oferecer melhor resultado à sociedade.
— Quando tudo é prioridade, nada é prioridade. Não podemos dar o mesmo grau de prioridade a um furto e a um latrocínio — exemplifica.
Um dos principais desafios é o da modernização tecnológica “sem deixar ninguém para trás” e a motivação permanente de servidores, promotores e procuradores. Para isso, propõe “um plano de movimentação na carreira”, já que as reformas administrativas teriam provocado “uma certa estagnação” nas carreiras.