A repercussão do áudio em que o vereador Valter Nagelstein (PSD) faz manifestações preconceituosas contra alguns dos vereadores eleitos no último domingo (15) causou apreensão na comunidade judaica de Porto Alegre. O rabino Guershon Kwasniewski, da Sibra, e o presidente do Conselho das Entidades da Federação Israelita, Zalmir Chwartzmann, procuraram a coluna para deixar claro que as manifestações de Nagelstein foram feitas “como pessoa física” e não representam o pensamento da comunidade judaica.
Em nota, o rabino escreveu: “Como povo não somos um bloco. Nas últimas eleições municipais de Porto Alegre, tivemos diversos membros da comunidade que se apresentaram e concorreram em diversos partidos políticos para os cargos de vereador e prefeito. Assim como cada um deles teve a independência de estar filiado e concorrer em nome de um partido político, nós eleitores judeus tivemos a independência de lhes votar ou não”.
Em seguida, diz: “Nenhum destes candidatos representa o pensamento da comunidade judaica porto alegrense e que cada um deve ser responsável pelas suas manifestações. Num processo eleitoral se ganha e se perde, e quem foi escolhido teve o mérito para isso, independente da sua cor, sexo, ideologia e partido político”.
A nota termina com votos de sucesso aos eleitos: “A comunidade judaica porto alegrense está comprometida com os valores da democracia e faz votos para que os vereadores eleitos e o futuro prefeito tenham o sucesso que merecem”.
Chwartzmann endossa as palavras do rabino e diz que, “como cidadão, Nagelstein tem o direito de dizer o que quiser, mas não está representando a comunidade judaica”.
Guershon e Chwartzmann lembram que o povo judeu respeita a pluralidade, é solidário e comprometido com os valores da democracia.
Confira a íntegra da nota do rabino:
“Kol Israel arevim ze baze” (Todo Israel é responsável um pelo outro).
Nesta frase do Talmud entendemos quão grande é a nossa responsabilidade pelos nossos atos, já que acabam envolvendo o nosso povo. O judeu brasileiro está inserido dentro da sociedade e se manifesta em forma independente na sua vida política.
Como povo não somos um bloco. Nas últimas eleições municipais de Porto Alegre, tivemos diversos membros da comunidade que se apresentaram e concorreram em diversos partidos políticos para os cargos de vereador e prefeito. Assim como cada um deles teve a independência de estar filiado e concorrer em nome de um partido político, nós eleitores judeus tivemos a independência de lhes votar ou não.
Registrado isto, deixo claro que nenhum destes candidatos representa o pensamento da comunidade judaica porto alegrense e que cada um deve ser responsável pelas suas manifestações.
Num processo eleitoral se ganha e se perde, e quem foi escolhido teve o mérito para isso, independente da sua cor, sexo, ideologia e partido político.
A comunidade judaica porto alegrense está comprometida com os valores da democracia e faz votos para que os vereadores eleitos e o futuro prefeito tenham o sucesso que merecem.
Rąbino Guershon Kwasniewski”