O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
A divulgação do mapa preliminar com as bandeiras do distanciamento controlado para a próxima semana materializou o alerta propagado pelo governador Eduardo Leite nos últimos dias. Com metade do Estado tingido em vermelho e sem nenhuma região em bandeira amarela (a mais branda do plano), 8,3 milhões de gaúchos (ou 73,4%) estão em áreas com risco considerado alto para a covid-19.
Das 20 regiões, 13 registraram índices piores do que na última semana. Ao contrário de outras zonas da macrorregião Metropolitana, que engloba o Litoral Norte, a região de Porto Alegre registrou leve melhora, com crescimento menor de hospitalizações em UTI para covid-19 nos últimos sete dias em comparação com a semana anterior. Ainda assim, o prefeito Nelson Marchezan anunciou novas restrições, que incluem o fechamento da Orla do Guaíba.
Por outro lado, Canoas e Novo Hamburgo se aproximaram ainda mais da possibilidade de adesão à bandeira preta. Pelo índice que embasa a definição das cores, Canoas está com pontuação de 2,14 e Novo Hamburgo está em 2,10. Há três semanas, os números eram 1,14 e 1,09, respectivamente. Para evitar a cor preta, é preciso ficar abaixo de 2,50.
A região de Taquara, que se sustentava há duas semanas em cor amarela em razão da “trava” que beneficia regiões com três óbitos semanais ou menos, pulou do amarelo direto para o vermelho.
Em todo o estado, o número de hospitalizações de pacientes com coronavírus aumentou 19% nas duas últimas semanas (611 para 729). Entre as duas últimas quintas-feiras, o número de internados em leitos de UTI com covid-19 subiu 36% (de 307 para 418).
Coordenadora do Comitê de Dados, a ex-secretária Leany Lemos diz que o alastramento da bandeira vermelha já estava na conta do governo.
— Durante as primeiras seis ou sete semanas havia aumento de casos, mas mais controlado. Nas últimas três observamos a aceleração desse processo —pontuou
De acordo com Leany, o risco de evolução para bandeira preta em regiões da área metropolitana é real, e, para reverter o quadro, é preciso ampliar a testagem, isolar focos da doença e conscientizar a população.
— Os números não mentem. Essa é a tendência (se aproximar da bandeira preta). Mas pode mudar. O modelo não é uma vacina, mas um sistema de alerta para evitarmos o esgotamento do sistema.
Os prefeitos também não foram pegos de surpresa com o agravamento do quadro. Conforme o vice-presidente da Famurs, Maneco Hassen, a reação à divulgação do mapa parcial foi mais branda do que nas semanas anteriores.
— Haverá situações em que as prefeituras vão ensejar recursos e contestar alguns dados, mas a maioria (dos prefeitos) já estava na expectativa de ampliação da bandeira vermelha, até em razão do discurso que vinha sendo feito pelo governador – explicou Hassen.