Pressionado pela imprensa e até por simpatizantes do PT, o ex-presidente Lula pediu desculpas por ter dito, na terça-feira (19), que “ainda bem que a natureza criou esse monstro chamado coronavírus” para as pessoas perceberem que “apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises”. A declaração, feita em transmissão por videochamada para a revista Carta Capital, repercutiu em todo o país e reacendeu a guerra entre petistas e antipetistas.
— Usei uma frase totalmente infeliz. E a palavra desculpa foi feita pra gente usar com muita humildade. Se algum dos 200 milhões de brasileiros ficou ofendido, peço desculpas. Sei o sofrimento que causa a pandemia, a dor de ter os parentes enterrados sem poder acompanhar — disse Lula pelo Twitter.
Em vídeo, reafirmou o pedido de desculpas e justificou:
— Eu, na verdade, ao invés de falar “ainda bem”, se tivesse falado a palavra “infelizmente”, talvez não tivesse dado problema. Na verdade, tentei utilizar uma palavra para explicar que depois de tão menosprezado no Brasil, o SUS, desde a sua criação em 88 é, no auge da crise que a gente começa a descobrir a importância de uma instituição pública. Foi isso que eu tentei dizer e utilizei uma frase totalmente infeliz, uma frase que não cabia.
Lula disse que está preso em casa há dois meses, sem poder ver os filhos e os netos. Contou que sequer pode conhecer a netinha que nasceu em meio à pandemia.
— Eu sou um ser humano movido a coração e eu sei o sofrimento que causa a pandemia, eu sei o sofrimento que causa uma pessoa ver seus parentes serem enterrados sem poder acompanhar — disse.
A frase que provocou a polêmica era uma crítica à política liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes:
— Eu, quando eu vejo os discursos dessas pessoas falando... Quando eu vejo essas pessoas acharem que tem que vender tudo que é público e que tudo que é público não presta nada... Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus. Porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar, que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises.