São múltiplos os motivos que levaram o governador Eduardo Leite a estender as medidas restritivas até 15 de abril e editar o decreto que unificou as regras para todo o Estado: o número ascendente de casos, mesmo com a falta de testes, o fato de a rede de saúde ainda não estar pronta para absorver o aumento muito rápido da demanda e a pressão da Famurs e dos prefeitos das maiores cidades.
Pesou, também, a percepção de que poderia haver uma liberação precipitada, colocando a perder os cuidados adotados até agora.
— É agora, com o vírus mais disseminado, que precisamos ser mais restritivos. Observamos que alguns prefeitos estavam considerando superada a etapa de restrições — disse o governador à coluna.
O líder do governo, Frederico Antunes, que na semana passada chegou a defender a reabertura do comércio, recuou:
— As atividades essenciais estão preservadas, incluindo as necessidades de suportes aos caminhoneiros. Se cada município adotasse uma regra, aumentaria o risco de disseminação do vírus antes de termos a estrutura hospitalar adequada à necessidade.
A pressão de empresários sobre deputados e prefeitos aumentou após o decreto. Deputados que participaram da videoconferência com Leite por quase três horas antes do anúncio do decreto reclamaram de o governador não ter detalhado as medidas.
O presidente da Assembleia, Ernani Polo, divulgou nota esclarecendo que os deputados não foram consultados especificamente sobre as medidas. Ele mesmo diz ter entendido que o governador só adotaria providências mais rígidas depois de concluído o estudo encomendado à Universidade Federal de Pelotas.
Polo discorda do fechamento do comércio nas pequenas cidades, mas não vai pedir para revogar decreto.
A decisão de Leite atendeu a uma demanda dos prefeitos das grandes cidades. Por outro lado, nos municípios menores, os administradores estão revoltados. O presidente da Famurs, Dudu Freire, coleciona mensagens agressivas, áudios desaforados e sugestões que beiram a insanidade.