O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Integrantes de um grupo ecumênico denominado Cristãos Contra o Fascismo, três militantes do PSOL formarão uma candidatura coletiva à Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Com representação nacional, o coletivo se dedica a “combater ideologias autoritárias em espaços de religiosidade”.
A chapa será composta por três ativistas: a professora Bianca Ramires, membro da Associação Brasileira de Cristãos na Ciência, o psicólogo e músico César Souza e o teólogo Tiago Santos. A candidatura foi lançada na segunda-feira (10), em evento com o pastor evangélico Henrique Vieira, que também é filiado ao PSOL e conhecido por defender pautas progressistas.
Endossado pela deputada Fernanda Melchionna, pré-candidata à prefeitura pelo partido, o grupo sustenta que o cristianismo foi “capturado” por um discurso contraditório ao de Jesus Cristo.
— De fato, Jesus não foi preso, torturado e morto por pagãos, marginais e desvalidos, mas padeceu sob as mãos bem lavadas dos religiosos e cidadãos de bem de sua época — afirma César Souza.
A candidatura em Porto Alegre pelo PSOL não será a única do coletivo, que se organiza nacionalmente em grupos autônomos liderados por pastores, pastoras, missionários e leigos, filiados a diversos partidos.
Informal, mas legal
Embora as candidaturas coletivas não sejam nem reconhecidas nem formalmente aceitas pela Justiça Eleitoral, não há nenhum impeditivo legal para a proposta de um mandato coletivo.
A primeira experiência do tipo ocorreu em 2016, quando um grupo de cinco pessoas foi “eleito” para a Câmara Municipal de Alto Paraíso de Goiás (GO). O mecanismo ganhou mais espaço no Brasil em 2018, quando deputadas de São Paulo e Pernambuco conquistaram vagas em suas respectivas Assembleias Legislativas pela modalidade.
Na prática, apenas um dos "co-candidatos" se registra na Justiça Eleitoral, é incluído na urna eletrônica e, se eleito, assume e exerce as funções do mandato. A divisão das tarefas no gabinete é informal e combinada entre os integrantes do coletivo, sem validade legal.