O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Ao levar a direção do PCdoB para encontros com dirigentes do PT e do PSOL nesta segunda-feira (4), a ex-deputada Manuela D’Ávila afirmou a disposição de liderar uma frente cada vez mais provável que reunirá os três partidos na eleição de 2020 em Porto Alegre. É a primeira vez que a ex-deputada comunica formalmente aos pretensos aliados sua disposição de ser candidata no pleito municipal.
A sinalização abre caminho para a consolidação de um bloco que reunirá pela primeira vez o PT e o PCdoB, frequentes aliados, com o PSOL, que foi fundado em 2004 como uma dissidência petista.
— Fui formalmente conversar com PSOL e PT sobre minha disposição de ser candidata e encontrarmos caminhos para estarmos juntos e ainda dialogarmos com PDT e PSB— disse Manuela à coluna.
Pela manhã, a ex-deputada encontrou-se com os dirigentes do PSOL na sede da legenda em Porto Alegre e ouviu que, embora defenda um processo de prévias para a definição do candidato, o partido está aberto ao diálogo para formar a coalizão.
Nos bastidores, entretanto, os socialistas admitem que Manuela é a "candidata preferencial" e que as prévias podem ser deixadas de lado caso os partidos cheguem a um consenso em torno da composição da chapa.
Mais tarde, em um almoço com deputados, vereadores e integrantes da direção do PT em um restaurante do Centro Histórico, a ex-deputada também sinalizou a disposição de liderar a coalizão. Receptivos, os petistas, que têm por tradição a aliança com o PCdoB, concluíram que Manuela está fardada para a eleição.
— Ha um reconhecimento de que a Manuela tem um potencial eleitoral e que representa uma mudança para a cidade — disse o vereador Marcelo Sgarbossa.
Com a pavimentação do consenso em torno da ex-deputada, a indicação do candidato a vice deve ser o principal ponto de discussão entre PT e PSOL.
Em conversas reservadas, membros do PSOL sugerem que o PT deveria ficar de fora da chapa pela rejeição que atinge o partido devido aos recentes escândalos de corrupção. Os petistas, por sua vez, argumentam que devem ocupar certo protagonismo por integrarem a maior das três legendas.
Uma solução intermediária, defendida por uma ala do PT, é a criação de uma espécie de colegiado com membros dos três partidos que, caso vencida a eleição, influenciaria nas decisões da administração.