Ao som do slogan “Lula Livre”, entoado em uníssono pelos militantes que lotaram o teatro Dante Barone, o PT lançou na noite desta segunda-feira (26), em Porto Alegre uma frente de esquerda contra o governo de Jair Bolsonaro. Com lideranças nacionais do partido, como a presidente Gleisi Hoffmann, o ex-ministro Gilberto Carvalho e o ex-governador Tarso Genro, o evento foi a primeira ação unificada de forças de esquerda na tentativa de firmar alianças para as eleições de 2020.
Parte da oposição a Bolsonaro, contudo, não compareceu. PDT, PSB e PSOL não enviaram representantes oficiais, diferentemente do PCdoB e do PCO. Em sua primeira aparição pública após a revelação de que intermediou o contato do jornalista Glenn Greenwald e o hacker que vazou mensagens da força-tarefa da Lava-Jato, a ex-deputada Manuela D’Ávila teve a presença saudada com efusão pelos presentes.
Nos discursos, houve defesa da educação pública e da autonomia das universidades, críticas à atuação do governo federal na questão ambiental, mas o tom geral foi de união contra Bolsonaro, sobretudo nas eleições do próximo ano.
— Vamos começar com essas eleições municipais uma unidade política que dissolva as diferenças burocráticas dos nossos partidos, em nome de um bem superior que é derrotar o fascismo — pregou Tarso.
Presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann diz entender as diferenças regionais, sobretudo num momento em que os partidos começam a se preparar para as eleições municipais de 2020. Para a dirigente, a conjuntura nacional se sobrepõe às querelas locais, inclusive diante das reclamações sobre a suposta hegemonia do PT sobre as demais legendas:
— É uma questão de resistência pela democracia e pelo país. Os partidos estão entendendo isso. O PT não pretende ser hegemônico. Óbvio que é um partido grande, tem presença forte, mas temos trabalhado para que todos os partidos tenham protagonismo.
Em seu pronunciamento na noite desta segunda-feira (26), Gleisi começou citando pesquisas recentes que mostram desaprovação popular a Bolsonaro. A deputada disse que o resultado dos levantamentos mostra um caminho para a oposição recuperar apoio da sociedade, atuando de forma conjunta, citando como exemplo o movimento Diretas Já.
— Podemos ter diferenças em nossas caminhadas, mas é mais forte o que nos une em favor do Brasil e da democracia. Temos que mudar a correlação de forças na sociedade.