O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Um grupo de jovens militantes de esquerda prepara o lançamento de uma candidatura coletiva à Câmara de Vereadores de Porto Alegre em 2020. O movimento é liderado por filiados e simpatizantes do PCdoB e apoia a candidatura da ex-deputada Manuela D’Ávila à prefeitura.
Um dos articuladores da iniciativa é o estudante de Ciências Sociais Giovani Culau, ex-diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE) que foi candidato a deputado federal nas eleições de 2018. Segundo ele, ainda não há definição sobre quem serão os “co-candidatos” e sobre o número de pessoas que integrarão a candidatura.
— Temos um posicionamento crítico ao atual sistema político, baseado no personalismo. A inspiração para essa candidatura surgiu de exemplos que vimos pelo Brasil e para nos apresentar em forma de lutas coletivas — explica Culau.
Além de se identificar como um movimento que pretende “combater o fascismo e transformar a representação política” de Porto Alegre, o grupo defende as causas da educação, antirracista, LGBT+ e feminista. A perspectiva inicial é de definir um "co-candidato" por tema discutido.
Informal, mas legal
Embora as candidaturas coletivas não sejam nem reconhecidas nem formalmente aceitas pela Justiça Eleitoral, não há nenhum impeditivo legal para a proposta de um mandato coletivo.
A primeira experiência do tipo ocorreu em 2016, quando um grupo de cinco pessoas foi “eleito” para a Câmara Municipal de Alto Paraíso de Goiás (GO). O mecanismo ganhou mais espaço no Brasil em 2018, quando deputadas de São Paulo e Pernambuco conquistaram vagas em suas respectivas Assembleias Legislativas pela modalidade.
Na prática, apenas um dos "co-candidatos" se registra na Justiça Eleitoral, é incluído na urna eletrônica e, se eleito, assume e exerce as funções do mandato. A divisão das tarefas no gabinete é informal e combinada entre os integrantes do coletivo, sem validade legal.