O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Autor formal do quinto pedido de impeachment contra o prefeito Nelson Marchezan, votado (e rejeitado) em 2019, o biólogo Claudio Francisco Mota Souto, que é filiado ao PP, escreveu uma carta em que diz ter sido um “mero signatário” do documento, sem conhecer o teor das denúncias imputadas ao prefeito.
Na mensagem, endereçada ao presidente da Câmara, Reginaldo Pujol (DEM), com cópia para Marchezan e para o presidente da CPI que investiga as denúncias, Roberto Robaina (PSOL), Souto diz que foi procurado para assinar o pedido por duas pessoas, uma com vinculação partidária (sem revelar a qual partido) e outra que se apresentou como um assessor jurídico do vereador Ricardo Gomes (PP).
“Foi-me apresentada argumentação contundente de que o ambiente político em Porto Alegre era completamente apropriado ao impeachment do prefeito Nelson Marchezan, tendo em vista que o quórum na Câmara de Vereadores seria favorável a sua aprovação”, diz trecho do documento.
O pedido de impeachment contra Marchezan foi protocolado na Câmara na manhã de 21 de agosto do ano passado. No mesmo dia, à tarde, a presidente da Câmara, Mônica Leal (PP), decidiu colocar em votação sua admissibilidade, mas o quórum caiu. Cinco dias depois, o pedido foi rejeitado.
A peça foi protocolada semanas depois da exoneração da esposa de Souto, Grace de La Rocha, que ocupava cargo comissionado na prefeitura, e acusava Marchezan de sete crimes de responsabilidade. As semanas anteriores à votação do pedido foram marcadas pela ruptura do PP, partido do vice-prefeito Gustavo Paim, com a gestão Marchezan.
O vereador Ricardo Gomes disse à coluna que não conhece Souto e que ninguém de sua equipe se envolveu na formulação do pedido de impeachment.
Roberto Robaina informou que deverá retomar os trabalhos da comissão no começo de fevereiro, e a primeira oitiva será a de Souto.
- Temos o maior interesse que ele seja escutado. Será um bom momento para que esclareça quem passou o material e quem teve interesse nisso. De toda forma, ele sendo mero signatário ou não, a fundamentação do pedido de impeachment é robusta e trouxe elementos que se confirmaram ao longo da investigação. Se há conspiração não é o que nos preocupa porque não temos participação nem interesse nela. Havia elementos que estão se confirmando com provas – diz Robaina.