Mesmo que o deputado Luis Augusto Lara (PTB) tenha direito de continuar no cargo enquanto recorre da sentença que cassou seu mandato, é inegável que a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) terá impacto da Assembleia Legislativa neste final de ano.
É a primeira vez que um deputado no exercício do cargo de presidente tem o mandato cassado pela Justiça e precisa dividir seu tempo entre a atividade de comandante de um poder e a defesa nos tribunais.
Lara fica na presidência até o final de janeiro. Em que condições emocionais coordenará as reuniões de líderes e as sessões?
— Tenho de separar as coisas. Vou trabalhar normalmente, enquanto tento provar minha inocência. Temos um projeto importante para votar hoje e não vou me deixar abalar — disse Lara à coluna.
Na pauta desta terça-feira (21), o projeto mais polêmico é o que extingue cargos de oficial escrevente, motivo principal da greve de servidores do Judiciário que já dura um mês.
Lara prevê que seu recurso no TRE só será julgado em 2020, quando já terá deixado a presidência da Assembleia. No Tribunal Superior Eleitoral, a expectativa é de mais de um ano de agonia:
— Vou ficar mais de um ano com essa espada na cabeça, confio que conseguirei provar que o fato de meu irmão ser prefeito não me beneficiou. Estou no sexto mandato. Já fiz mais votos em Bagé quando a prefeitura era comandada pelo PT do que em 2018.
Os próximos dois meses serão intensos na Assembleia, com a votação dos projetos do governo que aumentam a contribuição previdenciária de servidores e mudam planos de carreira. Serão votações tensas, que exigirão do presidente resistência física e cacife político.