Por tosca, a narrativa do presidente Jair Bolsonaro sobre as queimadas na floresta amazônica espalhou a fuligem da desconfiança por todos os continentes. Em matéria de comunicação, Bolsonaro perdeu a batalha da floresta.
Primeiro, brigou com a Alemanha e com a Noruega. Na França, o presidente Emmanuel Macron deu o tom de “crise internacional” e sugeriu que o tema seja tratado na cúpula do G7, no fim de semana, em Biarritz.
Subestimar o crescimento das queimadas quando há satélites de diferentes países cruzando o céu do Brasil e fotografando as áreas devastadas chega a ser ingênuo. Pode colar com a torcida que não acredita em aquecimento global, mas não com os cientistas e com governantes comprometidos com a proteção ambiental. Até a Nasa, que monitora a floresta com seus sofisticados equipamentos, atestou que houve aumento das queimadas.
A credibilidade do governo brasileiro já tinha sido afetada quando Bolsonaro demitiu o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Ricardo Galvão, por discordar dos números que mostravam o aumento das queimadas. Até o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar profundamente preocupado com os incêndios.
Ao acusar (sem provas) ONGs de estarem colocando fogo na floresta “porque perderam a mamata” de recursos oficiais, o presidente desceu mais um degrau no rebaixamento do debate.
Em resposta a Macron, Bolsonaro tuitou: “Lamento que o presidente Macron busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos p/ ganhos políticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até p/ fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema”.