O presidente Jair Bolsonaro classificou nesta quarta-feira (21) como criminosa a série de queimadas pelo país e disse que organizações não governamentais (ONGs) de proteção ao meio ambiente podem estar envolvidas nos incêndios ilegais.
Em entrevista, na entrada do Palácio da Alvorada, ele disse que cortou recursos que antes eram repassados para as entidades da sociedade civil e que o objetivo talvez seja prejudicar o seu mandato.
— Pode estar havendo, não estou afirmando, ação criminosa desses ongueiros para exatamente chamar a atenção contra a minha pessoa, contra o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós enfrentamos. Vamos fazer o possível e o impossível para conter esse incêndio criminoso — disse.
Bolsonaro afirmou ainda que não está insensível aos ataques e ressaltou que tem havido uma guerra do mundo contra o Brasil por causa da postura adotada pela atual gestão, que tem feito críticas públicas às nações europeias.
— O crime existe. E nós temos de fazer o possível para que esse crime não aumente, mas nós tiramos dinheiros de ONGs. Dos repasses de fora, 40% ia para ONGs. Não tem mais. Acabamos também com o repasse de dinheiro público, de forma que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro — afirmou.
Com 72.843 focos de incêndio do início de janeiro até segunda-feira (19), o Brasil registra um aumento de 83% em relação ao mesmo período do ano passado. O fogo também avança sobre áreas protegidas. Somente nesta semana, houve 68 ocorrências dentro de terras indígenas e unidades de conservação estaduais e federal.
O presidente disse que tem tratado do tema com os ministros da Defesa, do Meio Ambiente e da Justiça e afirmou que contingentes das Forças Armadas devem, a partir desta quinta-feira (22), intensificar o monitoramento a áreas críticas de incêndios florestais.
— Temos que combater o crime. Depois vamos ver quem é o possível responsável pelo crime. Mas, no meu entender, há interesse dessas ONGs, que representam interesses de fora do Brasil — observou.
Bolsonaro ainda acusou governadores da região amazônica de serem coniventes com os incêndios criminosos. Segundo ele, há estados da Região Norte que não estão "movendo uma palha" para combater as queimadas na região amazônica.
— Olha só, tem governador, não quero citar nome, que está conivente com o que está acontecendo e bota a culpa no governo federal. Tem Estados aí, que não quero citar, na região Norte, que o governador não está movendo uma palha para ajudar a combater incêndio. Está gostando disso daí — afirmou.
O Estado do Mato Grosso liderou as queimadas na Amazônia, com 13.682 focos de calor acumulados em todo o ano, de acordo com dados do Instituto Centro de Vida (ICV). Levando em conta os oito primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, há um aumento de 87% nos focos de calor.
As queimadas ocorrem principalmente nas propriedades particulares. Desde janeiro, 60% dos focos de calor foram em áreas privadas registradas no Cadastro Ambiental Rural, 16% em Terras Indígenas e 1% em Unidades de Conservação.