Se o governo do Estado espera que o MDB, maior partido da base aliada, vote em uníssono em favor das privatizações da CEEE, da Sulgás e da CRM, terá que se esforçar para atender as demandas e tirar as dúvidas dos oito deputados emedebistas. O líder da bancada na Assembleia Legislativa, deputado Fábio Branco, admite que o MDB pode votar rachado no tema, caso o governo do Estado não consiga dar garantias sobre o destino dos recursos provenientes das privatizações e sobre o futuro dos serviços atualmente prestados pelas três estatais.
— Pode ser rachado, sim. É uma discussão de conceito (das privatizações). A nossa preocupação é com os usuários, com a política de Estado. Uma votação fechada ou não demanda essa conversa. Podemos, no Legislativo, não ter participação na modelagem final. Mas sabemos também que há empresas com mais e menos urgência (de privatização) — projeta Fábio Branco, após elogiar a decisão do governador Eduardo Leite de adiar o envio dos projetos.
Nos bastidores, integrantes do partido também admitem que alguns deputados pressionam por mais cargos no governo.
Nesta quinta-feira (9), o governador Eduardo Leite chamou os líderes dos partidos aliados para tratar do tema e, percebendo que há ruídos sobre os projetos, decidiu adiar em 10 dias o envio das propostas. Enquanto Leite viaja para o exterior, o secretário-chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, comandará um grupo de trabalho para reunir dúvidas e sugestões dos aliados.
O governo deve enviar os textos em regime de urgência, ou seja, com tramitação em até 30 dias. Essa é apenas uma das questões que incomodam Sebastião Melo (MDB).
— Sou um deputado independente, não sou da base. Todos os governadores usaram e abusaram do regime de urgência. Tudo bem. Agora, se Leite não colocasse em regime de urgência, dialogava mais. Um governo que gosta de se colocar como rei do diálogo não deveria ter regime de urgência. Em segundo lugar, espero que mande uma proposta de fundo para separar os recursos das privatizações — diz Melo.
Para aprovar os projetos, Leite precisará de 28 votos (maioria absoluta) - ao todo são 55 deputados e o presidente vota apenas para desempatar. Na terça-feira (9), Leite conseguiu 39 votos para acabar com a necessidade de plebiscito para venda das estatais.
PT quer “prévia análise” de projetos de privatização
O PT, maior partido de oposição na Assembleia, também pressiona pelo detalhamento dos planos do governo Leite. O vice-líder da bancada petista, Pepe Vargas, protocolou um pedido, nesta quinta-feira (9), para que o presidente da Assembleia, Luis Augusto Lara, faça uma “prévia análise” dos projetos de privatização, quando forem enviados pelo governo. O petista pede que Lara apenas aceite a tramitação dos textos se as exigências formais forem cumpridas, “para prevenir eventuais irregularidades”.