Um dos primeiros senadores a se rebelar contra os superpoderes de Renan Calheiros, Lasier Martins teve seu dia de glória no sábado (2), quando viu cumprida a profecia que fizera no dia 27 de novembro, em meio a uma áspera discussão:
—Seu tempo terminou. O senhor não vai ser eleito presidente do Senado. O Senado não merece.
Lasier está convencido de que a eleição de Davi Alcolumbre só foi possível porque, ainda em 2018, ele iniciou a campanha pelo voto aberto:
—Eu sabia que com voto fechado não tinha como derrotar Renan. Tem muita gente que deve favores a ele. Mesmo com a decisão do ministro Dias Toffoli, conseguimos a vitória.
Durante a votação, Lasier foi o primeiro a mostrar a cédula, depois de propor que outros senadores fizessem o mesmo. Deu certo. Com os senadores mostrando o voto, Renan retirou a candidatura.
A primeira tentativa de Lasier foi aprovar um projeto de resolução instituindo o voto aberto para a eleição da Mesa, mas o então presidente, Eunício Oliveira, não colocou a proposta em votação.
Lasier então foi ao Supremo Tribunal Federal e conseguiu uma liminar do ministro Marco Aurélio Mello, em mandado de segurança. Deferida no final de dezembro, a liminar foi cassada por Toffoli.
Para que o voto aberto não fique apenas como um casuísmo aprovado por 50 senadores para impedir a vitória de Renan Calheiros, Lasier Martins vai fazer da mudança do regimento interno sua bandeira para os próximos meses.
O senador espera o apoio do novo presidente, Davi Alcolumbre, para mudar as regras internas e instituir o voto aberto nas eleições da mesa diretora.