A palavra pacto estará no discurso que Eduardo Leite fará na Assembleia Legislativa, durante o ato de posse. Consciente de que não conseguirá tirar o Estado da crise se não houver esforço coletivo, Leite fará um apelo à unidade.
— Vou me dirigir à sociedade e aos demais poderes para pedir a participação de todos — adiantou o governador eleito à coluna.
Em vez de terceirizar a redação, Leite optou por escrever ele mesmo o texto que lerá na Assembleia no momento mais importante de sua carreira política. Passou o fim de semana telefonando ou trocando mensagens com os futuros secretários e lapidando o discurso, que terá duração de no máximo 15 minutos. A fala no Piratini deverá ser ainda mais concisa.
O apelo à compreensão dos chefes dos outros poderes é consequência da situação crítica das finanças do Estado. Até aqui, a conta do ajuste recaiu sobre os servidores do Executivo, os únicos que vêm recebendo com atraso. A partir de janeiro, magistrados, membros do Ministério Público e defensores públicos terão reajuste de 16,38%. Os deputados, assim como o governador, o vice e os secretários seguirão com os subsídios congelados – o último reajuste entrou em vigor em 2015.
Aos 33 anos, o governador mais jovem do Brasil vai enfrentar uma corrida de obstáculos que começa com a administração de uma pesada herança de dívidas de curto prazo superiores a R$ 3 bilhões.
A primeira barreira será a do pagamento dos salários de dezembro. Só receberam até agora os servidores do Executivo que ganham menos de R$ 2 mil. Para a faixa entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, o dinheiro estará disponível ao amanhecer de quarta-feira – o comando foi dado pela Secretaria da Fazenda ao entardecer do dia 28, último dia útil do ano.
Falta pagar cerca de R$ 1 bilhão da folha de dezembro, mais R$ 140 milhões dos créditos consignados e todo o 13º salário, que será parcelado em 12 vezes e exigirá depósitos mensais da ordem de R$ 110 milhões. Outro bilhão é devido a fornecedores.
Desde o primeiro dia, o novo governador terá sobre a cabeça uma espada: o risco de não só ter de retomar os pagamentos da dívida com a União, como de repassar o que não foi pago por força da liminar do ministro Marco Aurélio Mello, do STF.