Vem do Rio de Janeiro o secretário da Fazenda de Eduardo Leite (PSDB). É o economista Marco Aurélio Santos Cardoso, 46 anos, funcionário de carreira do BNDES e atual superintendente de crédito do banco de fomento.
Por cinco anos, Marco Aurélio foi secretário da Fazenda de outro Eduardo, o Paes, na prefeitura do Rio. Ele assumiu em substituição a Eduarda La Rocque e só saiu da prefeitura em 2016 para assumir toda a área de crédito do BNDES a convite da então presidente Maria Silvia Bastos Marques, atual presidente da Goldman Sachs no Brasil e uma das economistas mais respeitadas no mercado.
Eduardo Leite conheceu Marco Aurélio pessoalmente há mais de três anos, quando era prefeito de Pelotas, mas foi o economista Aod Cunha, secretário da Fazenda no governo de Yeda Crusius, quem agora fez a ponte entre os dois, depois de consultar especialistas em finanças públicas para encontrar o perfil adequado à gestão da crise no Rio Grande do Sul.
Pelo menos três nomes de peso ajudaram a definir o perfil: a secretária executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o economista Fábio Giambiagi. O nome de Marco Aurélio teve o endosso de Giambiagi e do economista Sérgio Guimaraes, que já trabalhou como subsecretário de Joaquim Levy no governo do Rio e conhece o trabalho do futuro secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul.
O ex-prefeito Eduardo Paes é só elogios ao antigo colaborador.
— É um cara excepcional. Seríssimo. Seria meu secretário da Fazenda se eu tivesse sido eleito — disse o ex-prefeito do Rio ao ser consultado por uma pessoa da confiança de Aod.
O convite foi aceito há duas semanas, depois de uma série de conversas com o governador eleito por telefone, skype, videochamada e Whats App, mas Leite segurou a informação a pedido de Marco Aurélio, que antes precisava acertar sua situação no BNDES (ele virá cedido) e tirar alguns dias de férias. Nesse período, o economista teve longas conversas com Leite e com Aod. Estudou a estrutura do Estado, mergulhou na situação das finanças, pediu e recebeu informações.
Além das conversas pessoais, pesou na decisão de Marco Aurélio para aceitar o convite e a entrevista que Eduardo Leite deu à jornalista Miriam Leitão, na Globo News, uma semana depois da eleição. Economistas do Rio e de São Paulo ficaram positivamente impressionados com a clareza do tucano. Nos grupos de WhatsApp o comentário era de que quem conversava com Leite e com o governador eleito do Rio, Wilson Witzel, concluía que "a diferença é da água para o vinho".
Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marco Aurélio já chefiou Departamento de Mercado Internacional do BNDES. Em 2009, foi cedido para a prefeitura do Rio. Assumiu primeiro a Superintendência de Tesouro Municipal e, depois, o cargo de Subsecretário de Gestão. Antes de fazer concurso para o BNDES, trabalhou por nove anos no setor privado, nas áreas financeiras da Alcan, Arthur Andersen e Banco BBM.