Disposto a montar uma base ampla na Assembleia, Eduardo Leite saiu do discurso para a prática e, no mesmo dia, convidou o MDB e o PDT para participarem de seu governo. Apesar de elogiarem o gesto do governador eleito, os dois partidos que foram derrotados por Leite na eleição indicaram que, pelo mnos no primeiro momento, não devem integrar o secretariado.
Também nesta segunda-feira (19), Leite convidou PSL e DEM para integrarem seu governo. Na semana passada, havia conversado com os presidentes do PR e do PSB. No segundo turno, o tucano ganhou apoio do Podemos e do Solidariedade, que elegeram um deputado cada.
– A pré-temporada está ótima. Vamos ver como será no campeonato – elogiou o deputado Gabriel Souza (MDB), referindo-se ao gesto do governador eleito de conversar com todos os partidos.
O presidente do PDT, Pompeo de Mattos, fez coro:
– Foi um ato de grandeza e de humildade. Ficamos honrados, mas a tendência é de sermos oposição. Não a raivosa, mas a colaborativa.
Logo depois do primeiro turno, o PDT reuniu seu diretório e decidiu que ficaria neutro no segundo e, fosse quem fosse o vencedor, não participaria do governo. Isso não significa fechar as portas: nada impede que nova reunião seja convocada a rediscutir o assunto.
No MDB, a tendência é não integrar a base de Leite, pelo menos neste primeiro momento. As feridas da disputa eleitoral ainda não estão cicatrizadas. Entre os caciques, incluindo prefeitos e vereadores, a resistência é maior, já que foi o tucano quem tirou de José Ivo Sartori a chance de ser o primeiro governador reeleito. Outro motivo é o estigma de adesista que acompanha o MDB nacional. Por isso, o discurso é de independência.
Na base, há quem veja com bons olhos o convite, porque significaria acomodar parte dos filiados que ficarão desempregados com o fim do governo Sartori. A promessa do atual governo é exonerar quase todos os cargos de confiança até 31 de dezembro. Restará apenas um núcleo indispensável à transmissão de informações nos primeiros dias.
Na hipótese, hoje considerada improvável, de o MDB participar do governo Leite e de um deputado ir para o secretariado, assumiria na Assembleia o suplente Carlos Búrigo, braço direito de Sartori.
Aliás
A coligação de Eduardo Leite elegeu 21 deputados.Os oito partidos já convidados somam 25 cadeiras de um total de 55.Para aprovar emendas são necessários no mínimo 33 votos.