No momento em que você ler este texto, eu já deverei estar acima da linha do Equador, desconectada das redes que ultimamente se tornaram antissociais. Escolhi tirar parte desses 20 dias de férias longe do Brasil para não precisar responder às perguntas que me fazem amigos, parentes e desconhecidos nas festas, na rua e até no supermercado – e para as quais não tenho resposta. Quem vai ganhar a eleição? O Lula vai ser preso? O Huck vai ser candidato? Quem será o próximo governador? Fulano tem chances?
A ideia de um detox de redes sociais me persegue há alguns meses. Pudesse, iria para o Japão, contemplar os jardins dos templos de Kioto, mas com as incertezas que rondam a economia brasileira, não me animo a ir tão longe neste momento. De mais a mais, não é no inverno que quero voltar ao Japão, mas na primavera, para contemplar a floração das cerejeiras. Sempre que escuto a pergunta "o que você faria se ganhasse na Mega Sena?", respondo mentalmente: iria contemplar o hanami, no início da primavera japonesa.
Agora não. Agora quero sol, mar azul e areia branca, tempo para caminhar, fazer programas que turistas fazem, experimentar pratos diferentes, mostrar outras culturas para minha filha, apresentar lugares que minha irmã jamais vai esquecer, ir ao cinema e ler alguns dos livros que se acumularam em 2017, em vez de gastar tempo no Twitter, no Facebook e no Instagram.
Não vou me importar se a internet dos hotéis for ruim nem se o 3G mostrar uma barrinha só. Se não dispenso o celular, é porque já há alguns anos desisti de viajar com máquina fotográfica.
O propósito é acumular energia para enfrentar um ano em que os ânimos estarão exaltados pelas paixões políticas.
Nas próximas três semanas, a coluna Política+ ficará sob responsabilidade da colega Débora Cademartori. Nos três domingos em que ficarei fora, este espaço na edição digital de ZH será ocupado por dois amigos muito queridos: Rosane Tremea, uma apaixonada por viagens, e Nílson Souza, que está de volta para a alegria de quem gosta de suas crônicas sensíveis. Na volta, vamos nos revezar. E então contarei desta experiência de passar mais tempo no mundo real do que no virtual.