Tenho um pé atrás com a criação de ministérios e secretarias que, em geral, servem como cabides de emprego, mas simpatizei com a notícia de que a Inglaterra tem agora uma ministra para cuidar da Solidão. Tracey Crouch, 42 anos, é ministra dos Esportes e ganhou uma tarefa adicional: buscar soluções para o problema da solidão, que atinge 9 milhões de pessoas na terra da rainha Elizabeth II.
Pode parecer uma extravagância dos britânicos, mas a iniciativa da primeira-ministra Thereza May deve servir de inspiração para outros países, Estados e municípios. Não que seja necessário criar um ministério ou secretaria, mas pensar políticas para atender aos velhos solitários é um imperativo destes tempos de mudança no perfil demográfico da população.
Foi-se o tempo das famílias numerosas, em que os filhos cuidavam dos pais até a morte. Cada vez mais, há pessoas que envelhecem sem ter encontrado um par, que ficam viúvas ou se isolam após uma separação ou quando os filhos tomam seu rumo e as visitas escasseiam. Com o aumento da expectativa de vida, cada vez mais será necessário pensar em políticas para garantir a dignidade das pessoas que vivem sós e que, não raro, afundam-se na depressão.
País rico, a Inglaterra terá um fundo milionário para combater a solidão, materializando um desejo da deputada Jo Cox, assassinada às vésperas do referendo do Brexit, e que militava a favor das pessoas solitárias. A ideia é promover atividades de integração para pessoas que passam meses e até anos sem contato com ninguém. Portugal tem uma iniciativa que começa a se reproduzir em outros países: creches para idosos. Quando vai trabalhar, a família leva seu velhinho para centros de convivência que oferecem alimentação, exercícios físicos, cuidados médicos e atividades culturais. No fim da tarde, busca para dormir em casa.
Com orçamentos modestos, dezenas de prefeituras do Rio Grande do Sul têm suas políticas para combater a solidão dos idosos. São os Centros de Assistência Social, com bailes, cursos de artesanato, rodas de chimarrão, excursões e outras atividades de integração. Palmas para os que já acordaram para essa realidade.