A Escola São Judas Tadeu, onde estudei do 1º ao 5º ano, não existe mais. Foi um choque quando fiquei sabendo, há muitos e muitos anos, que tinha fechado as portas por falta de alunos. Assim como na minha, em outras famílias que moravam na Volta Vitória, os filhos cresceram e mudaram-se para a cidade ou até para outras cidades. Não restaram crianças em número que justificasse a manutenção daquela escola rural, em que estudei numa turma multisseriada, em que a professora Celmira alfabetizava e ao mesmo atempo atendida alunos de 2º, 3º, 4º e 5º anos.
Os agricultores que ficaram tiveram menos filhos do que os seus pais. E a nossa escolinha querida perdeu a função. Para que as crianças pudessem estudar no agora município, a prefeitura ofereceu transporte escolar. E assim aconteceu com quase todas as escolas da minha infância.
Em 1997, o colégio de Arroio da Prata, distrito de Espumoso, fechou por falta de alunos e reabriu como asilo de idosos. Outro choque. Então aquela escola cheia de janelas, com várias turmas, ponto de referência na comunidade, agora era uma casa de idosos? Sim, disse meu pai, sem entender o espanto. Agora há mais velhos do que crianças. E emendou:
– Já combinei com meu amigo Lauro Carvalho que quando ficarmos velhos vamos pra lá, para passar o tempo jogando canastra.
Meu pai viveu até perto de completar 80 anos, sem precisar morar na antiga escola do Arroio da Prata. Pensei nisso ao passar por lá, há duas semanas, e ver os velhinhos tomando sol no pátio que nos anos 1970 eu via repleto de meninos e meninas.
Repasso essas lembranças porque um dos temas de 2018 é o fechamento de grandes colégios por falta de alunos. Para racionalizar, o Estado está juntando turmas e liberando prédios. Alguns serão cedidos às prefeituras, para que funcionem como escolas de educação infantil, já que esta é uma obrigação do município. Outros talvez se transformem em asilos, porque a população do Rio Grande do Sul está envelhecendo. Ninguém pode ter prazer em fechar escolas, mas não há como mantê-las abertas apenas em nome do que foram no passado. O importante é que todas as crianças tenham direito a uma educação de qualidade.