Surpreendido pela decisão da assembleia do Cpers de manter a greve dos professores pelo menos até que o último esteja com o salário em dia, o governo resolveu endurecer o discurso e as ações.
Reunidos com os coordenadores regionais de educação, nesta segunda-feira (2), os secretários que integram o núcleo duro do Piratini pediram “mais ativismo” para tentar convencer os educadores a voltarem ao trabalho.
Uma das medidas concretas determinadas aos coordenadores é um levantamento dos professores temporários que estão em greve.
A ordem é demiti-los e nomear outros que estão na fila. Além disso, os grevistas serão colocados em uma espécie de “lista negra” para que não sejam chamados quando houver necessidade de novas substituições. De acordo com relatos de coordenadores, em algumas cidades são os temporários os que mais fomentam a paralisação.
Os coordenadores foram instruídos a propagar o entendimento de que a greve tem “caráter político”, que é necessário preservar o ano letivo e pensar nos alunos. Na visão do Piratini, a greve está sendo fomentada por opositores do governo, “os mesmos que ajudaram a agravar a situação das finanças públicas”.
O secretário Carlos Búrigo apresentou a situação financeira do Estado na tentativa de convencer os coordenadores de que o atraso é consequência da falta de dinheiro e não de uma decisão do governador, como sustentam os dirigentes sindicais.
Na sexta-feira, quando a assembleia aprovou a continuidade da greve, o governo anunciou o corte do ponto, mas o Cpers recorreu e obteve liminar impedindo a aplicação da medida. Nesta segunda-feira, a Procuradoria-Geral do Estado recorreu ao Tribunal de Justiça para tentar derrubar a liminar.
O Cpers marcou entrevista coletiva para o início da tarde de hoje para responder à pretensão do Piratini. Em nota, reagiu dizendo que o governo faz uma “perseguição política e tortura psicológica” com as ameaças e reafirmou que a paralisação continua.
As divergências em relação à adesão à greve seguem. O sindicato diz que 75% dos professores estão parados. O governo, depois de ouvir os coordenadores, reafirmou que a paralisação atinge 35% das escolas, a maioria delas em cidades de médio e grande porte.