Relator do processo de cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Herman Benjamin disse nesta sexta-feira (20) em Porto Alegre que, se faltar credibilidade em relação ao processo eleitoral em 2018, o país abrirá as portas para a ascensão de um regime autoritário ou uma guerra civil.
— Quantos países do mundo há guerra civil por conta de processos eleitorais que não gozam da credibilidade do eleitor? A partir desse momento a disputa vai às ruas. Não precisamos fazer esse tipo de terrorismo no Brasil, mas o Brasil certamente não deve ser uma exceção. Se faltar essa credibilidade eu não vejo outras soluções. Não estou defendendo nenhuma delas, estou trazendo a reflexão sobre as opções que nós temos se não valorizarmos o processo político eleitoral no nosso país — afirmou Herman.
A convite do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS), faltando sete dias para terminar seu mandato no TSE, o ministro palestrou sobre os cenários e perspectivas da disputa ano que vem. Oriundo do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ele defendeu uma nova reforma política eleitoral, mas insinuou que a corrupção e o caixa 2 não desaparecerão, mesmo com mudanças na lei.
Mesmo assim, Herman afirma que a regra que proíbe coligações partidárias, aprovada no Congresso no início do mês e sancionada pelo presidente Michel Temer, vai reduzir as negociatas.
— Não aceito a versão de que o país hoje está pior. Pior nós já estivemos — disse ele, em relação aos casos recentes de corrupção descobertos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
Sobre o fundo eleitoral também aprovado pelos parlamentares, reiterou que, mesmo bilionário, será insuficiente para cobrir "eleições corretas".
Nos primeiros minutos de sua fala no auditório do Foro Central de Porto Alegre deixou claro que não falaria sobre processos específicos, como a cassação da chapa e repetiu que, sobre eles, “só fala nos autos”. Ele também não concedeu entrevistas.