Os professores da Capital resolveram desafiar o prefeito Nelson Marchezan e aprovaram, em assembleia geral, a desobediência às novas regras definidas para a rotina nas escolas. O impasse prejudica o aluno, razão da existência das escolas e dos professores. O prefeito está diante de uma encruzilhada: ou retoma o controle ou entrega a gestão dos colégios para o Sindicato dos Municipários, que hoje está dando as cartas.
Marchezan terá de convencer professores, diretores e comunidade da necessidade de ampliar o tempo de permanência do educador titular com os alunos em sala de aula. A primeira tentativa de diálogo fracassou. Depois de anunciar as mudanças para o grupo, o secretário da Educação, Adriano Naves de Brito, pretendia conversar com a direção de cada escola. A agenda com data e horário dos encontros das direções dos colégios com toda a equipe da Secretaria Municipal da Educação foi apresentada, mas os diretores não apareceram. Justificativa: o sindicato não permitiu.
Questionado pela coluna sobre o que fará diante da decisão da assembleia de professores, Marchezan respondeu:
– Cumprir a lei. Há uma orientação simples. São responsabilidades funcionais, previstas em lei. Todo e qualquer servidor deve cumprir.
O secretário da Educação, que nesta quinta-feira começou um roteiro de visita às escolas e saiu entusiasmado com o resultado, disse que vai continuar conversando. Brito quer que os diretores explicitem as dificuldades para cumprir os novos horários e apresentem as demandas.
O argumento usado pelo sindicato, de que as crianças não podem prescindir da presença do professor titular no horário das refeições, não convence o secretário nem o prefeito. Um estudo da Smed mostra que em todas as escolas há professores volantes com horas disponíveis para assumir essas tarefas e liberar o regente de classe para as atividades em sala de aula, cinco dias por semana.
Marchezan não se conforma com os resultados dos testes de avaliação que mostram as escolas municipais com índices piores do que as estaduais, apesar de Porto Alegre pagar salários melhores do que os do Estado. Segundo o secretário, o mínimo para 40 horas semanais de trabalho é de R$ 5,8 mil brutos.