Em um dos mais duros discursos sobre questões ambientais desde que assumiu a Secretaria-Geral das Nações Unidas, em 2017, António Guterres culpou, nesta terça-feira (12), os países ricos e os bilionários pelas mudanças climáticas, que estão provocando fenômenos extremos, como a enxurrada que atingiu o Rio Grande do Sul, em maio, e tantas outras tragédias recentes pelo mundo.
Na abertura dos debates de alto nível da COP29, em Baku, na qual os chefes de Estado e de governo se manifestam, Guterres afirmou que "os ricos causam o problema, os pobres pagam o preço mais alto".
— A Oxfam descobriu que os bilionários mais ricos emitem mais carbono em uma hora e meia do que uma pessoa média em uma vida inteira — afirmou, referindo-se aos dados da organização britânica, que reúne mais de 3 mil entidades que atuam na busca de soluções para desigualdade no mundo.
Em outra referência às nações mais desenvolvidas, Guterres conclamou os integrantes do G20 a assumirem a responsabilidade:
— Todos os países devem fazer a sua parte, mas o G20 deve liderar. Eles são os maiores emissores, com as maiores capacidades e responsabilidades. Eles devem reunir seu conhecimento tecnológico, com os países desenvolvidos apoiando economias emergentes.
O grupo de países mais "ricos" do mundo é liderado atualmente pelo Brasil. A reunião de cúpula deste ano ocorre no Rio de Janeiro, a partir da semana que vem. Guterres irá participar.
Referindo-se à urgência de se acelerar ações, como o financiamento climático, para ajudar países em desenvolvimento a levar adiante ações contra o aquecimento global, o secretário-geral ecoou os apelos feitos no dia anterior no mesmo plenário.
— O mundo está na contagem regressiva final para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius. E o tempo não está do nosso lado — disse.
Esse é o principal tema da COP29: repactuar o montante que deve ser arrecadado por países desenvolvidos para serem doados a nações em desenvolvimento, as que mais sofrem os efeitos das mudanças climáticas. O acertado, segundo o Acordo de Paris, seria o repasse de US$ 100 bilhões, mas esse total não é cumprido, de forma geral.
Guterres pediu ainda aos líderes presentes que façam muito mais para "proteger seus povos dos estragos da crise climática":
— Os mais vulneráveis estão sendo abandonados aos extremos climáticos.