O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Se a corrida eleitoral americana já estava agitada a partir de um debate presidencial com troca de ataques entre Donald Trump e Joe Biden e com o democrata apresentando um desempenho confuso no encontro e em seus discursos posteriores, o atentado que o republicano sofreu no fim de semana pode ser combustível para os dois lados. No entanto, ainda não é decisivo, pode ser que seja cedo para tirar conclusões.
Há semelhanças com o ocorrido em 2018, quando Jair Bolsonaro levou uma facada, mas também há diferenças. Na época, o então candidato foi hospitalizado e ficou semanas fora da campanha, faltando inclusive aos debates. Já Trump anunciou que participará da convenção em Milwaukee, em Wisconsin, nesta semana. Analistas apontam que utilizará o ato para se mostrar como alguém que resistiu ao atentado e usar o episódio a seu favor.
Há, também, diferenças entre o Brasil de 2018 e os EUA de 2024. Naquela época, faltava um mês para as eleições brasileiras; agora, faltam mais de três para as americanas.
Outro ponto a se considerar é que o episódio poderá inflamar ambos os lados: os republicanos poderão usar a situação para “culpar” os democratas, que podem inclusive revidar, apoiando-se no histórico dos atos de Trump durante seu mandato. Em 2018, Bolsonaro participava de sua primeira disputa nacional.
Agora, os democratas estão no poder e têm capacidade para se reorganizar. Porém, tudo depende dos próximos passos. Apesar de Biden seguir afirmando que será candidato, a decisão efetiva do partido só se dará no próximo mês.
O cenário está em aberto, e os próximos episódios merecerão atenção, tanto em relação ao discurso que Trump adotará nos atos de campanha daqui para a frente, quanto às falas conciliadoras do presidente Biden, que falou neste domingo (14) sobre o atentado:
– Vai contra tudo o que defendemos como nação.