Conselheiro-chave na campanha presidencial de Donald Trump em 2016, Steve Bannon, que depois serviu como principal estrategista da Casa Branca até brigar com o chefe, tentou criar, em 2018, um projeto chamado "O Movimento".
A ideia era unir líderes populistas de direita pelo mundo. O mago de Trump aproveitou que a Itália começava a se tornar o epicentro dessa nova velha forma de fazer política para transformar um mosteiro de séculos de história, Certosa di Trisulti, a 130 quilômetros de Roma, em uma espécie de universidade mezzo ideológica, mezzo religiosa.
A ideia fracassou não por questões políticas, mas por razões de caráter, mesmo. Bannon não pagou as taxas necessárias para ocupar o local nem cumpriu seus compromissos de manter e reformar o castelo onde funcionava o mosteiro.
O que veio depois, foi a decadência do "mestre" da estratégia trumpiana, que, na semana passada, passou a cumprir quatro meses de prisão nos EUA por desafiar uma intimação do Congresso, feita por um comitê que investigou o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Esse é apenas um de seus rolos com a Justiça. Ele já foi preso em 2020 sob acusações de fraude, lavagem de dinheiro e conspiração.
Mas se o "Movimento" não se expandiu para a Europa, do lado de cá do Atlântico ele está bem vivo. A Cpac (Conservative Political Action Conference) tem tudo para se tornar, ao menos no continente americano, um pouco do que o ex-estrategista imaginava em termo globais. É bem mais antiga, obviamente, nasceu em 1974, nos Estados Unidos, com conservadores tradicionais, como Ronald Reagan. De Trump para cá, seus membros foram abraçando, cada vez mais, a alt-right, a chamada direita alternativa. O encontro em Balneário Camboriú, no final de semana, que reuniu Jair Bolsonaro e Javier Milei, é uma demonstração de que a América virou o novo campo de batalha, principalmente a partir das derrotas recentes da direita na França e no Reino Unido. Reconduzir Trump à presidência em novembro é o primeiro objetivo. O segundo é repetir a estratégia no Brasil, com Bolsonaro.