Acerta o Partido Democrata e seus principais caciques ao buscarem a união a partir da desistência de Joe Biden em concorrer à reeleição. Faltam pouco mais de cem dias para a eleição, com cédulas prestes a serem impressas para o voto pelo correio (que começa dentro de semanas em alguns Estados). Uma fratura na legenda agora facilitaria ainda mais a vida de Donald Trump.
Nas últimas 24 horas, um a um, os políticos que representavam opção a Kamala Harris foram abrindo mão em nome do consenso, ratificando a vice-presidente como a ungida do partido antes mesmo da convenção, prevista para agosto, em Chicago.
A segunda-feira (22) significou o "momentum Kamala", sua consagração informal. Ela recebeu os apoios dos governadores de Illinois, J.B. Pritzker, do Michigan, Gretchen Whitmer, e da ex-presidente da Câmara dos Deputados Nancy Pelosi. Dois pesos-pesados já haviam endossado seu nome no domingo (21), os governadores Josh Shapiro, da Pensilvânia, e Gavin Newson, da Califórnia.
Pode-se dizer que terminou a corrida pela escolha da líder da chapa democrata. Começa a disputa pela cadeira de vice.
Duas mulheres seria pouco provável - o que levaria o partido a descartar Gretchen, embora Michigan seja um dos campos de batalha da eleição. Newson seria o mais provável pela sua popularidade, mas não é estratégico: a Califórnia, onde governa, é um Estado no qual o jogo está definido, os democratas sempre ganham lá.
Nesse sentido, seria importante trazer alguém de um dos swing-states, Estados que ora votam nos democratas, ora nos republicanos. Foi o que fez, por exemplo, Trump, ao trazer para o cargo de vice J.D. Vance, senador por Ohio.
São opção Shapiro, da Pensilvânia, e o senador Sherrod Brown, de Ohio.
Nessa equação, também seria uma boa tática buscar um nome mais ao centro no partido - como o governador Andy Beshear, do Kentucky, Estado onde os republicanos vencem as eleições presidenciais desde 2000. Kamala é vista como alguém à esquerda de Biden, por sua defesa do direito ao aborto e agenda identitária, o que pode afastar alguns eleitores democratas e dá munição a Trump.