Nesta sexta-feira (1), aqui em Dubai, Lula deu mais uma demonstração do quão flexível consegue ser em seus discursos e posições, conforme varia a plateia a sua frente - ou o quão contraditório é, muitas vezes, o discurso do presidente e a prática de seu governo.
Perante os líderes mundiais, no majestoso plenário Al Waha, durante a COP28, o presidente defendeu uma economia menos dependente de combustíveis fósseis.
Duas iniciativas, entretanto, contradizem esse pronunciamento. Um dia antes, o Brasil foi convidado a ser membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados, a chamada Opep+. O governo analisa a questão, e a decisão está na mão do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Mas tudo indica que o país está praticamente dentro do clube.
Os líderes da organização ainda defendem o uso combustíveis fósseis, mesmo que em menor escala.
Além disso, é conhecida a postura de Lula em relação à exploração de petróleo na Margem Equatorial, próximo à foz do Rio Amazonas. O presidente, no mínimo, tem hesitado em bloquear planos.
O tema tem provocado um racha dentro do governo: o setor ambiental, liderado pela ministra Marina Silva, resiste em conceder licenças para que a Petrobras pesquise petróleo na região. Já a pasta de Minas e Energia, liderada por Alexandre Silveira, postula que sejam realizados estudos com o objetivo de se extrair o recurso.
Neste sábado (2), comentou a decisão de integrar o grupo dos petroleiros.
- O Brasil não vai participar da Opep, vai participar da Opep+. É que nem eu participar do G7. Participo do G7 desde que ganhei pra presidente da República. Eu vou lá, escuto, só falo depois que eles tomam a decisão. E venho embora. Não apito nada - disse o presidente.
Em resumo: o Brasil não ai participar da Opep. Vai participar da Opep+. A emenda saiu pior do que o soneto.