Nos últimos dias, várias teorias conspiratórias tentaram explicar a razão da demora para que o grupo de brasileiros (34, no total) possa deixar o território conflagrado da Faixa de Gaza.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chegou a firmar que Israel estaria discriminando os brasileiros devido ao fato de o governo não considerar, oficialmente, o grupo Hamas como terrorista - seguindo nomenclatura das Nações Unidas. A organização é considerada terrorista por, além de Israel, Estados Unidos, União Europeia (UE), Japão e Austrália.
Mas a verdade é que a coordenação para a saída é complexa. A fuga se dá apenas por um dos postos de fronteira, o único aberto e que não está sob o controle israelense: Rafah. O posto é controlado pelo Egito, que, no sábado, depois de quatro dias aberto, decidiu voltar a fechá-lo. O estopim teria sido o ataque israelense a ambulâncias que, segundo a versão de Israel, estariam transportando terroristas para o país vizinho. O Hamas nega. Como argumento para fechar o posto, reaberto nesta segunda-feira (6), o Egito diz que não havia garantias de segurança para transferência dos feridos.
Uma vez reaberta a passagem, quem decide os nomes que saem do território em guerra? Cabe ao Egito, que controla o portão e que receberá o estrangeiro em seu território. Mas Israel também dá o aval, porque não quer ver terroristas infiltrados nos contingentes em fuga. Além disso, a lista também passa por autoridades de Estados Unidos e Catar, mediadores do processo que permitiu a saída dos refugiados. O Catar, como já comentei aqui, tem elos com o Hamas.
Nada indica, por enquanto, que sejam dadas preferências ideológicas: a Indonésia, por exemplo, país com o maior número de muçulmanos do mundo, não tem relações com Israel e já conseguiu liberar muitos de seus cidadãos. Sri Lanka e Bahrein, nações pouco relevantes no jogo diplomático do Oriente Médio, também já conseguiram retirada de cidadãos.
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, já falou com todos os envolvidos em algum ponto da crise. Ao que parece, a tática do Itamaraty agora é buscar apoio dos Estados Unidos, país que, até o momento, conseguiu retirar mais cidadãos da Faixa de Gaza.